Opinião | Jorge Ricardo
Os benefícios de uma Inteligência Artificial cada vez mais inteligente são inúmeros e difíceis de contradizer. O melhor exemplo da atualidade pode ser dado com a descoberta do Chat GPT, que trouxe uma facilidade na busca de informações e que encanta os mais jovens. Mas será pelas melhores razões? Que tal educar as pessoas no uso desta ferramenta?
Há décadas que o Homem sonha em criar uma Inteligência capaz de se comparar a ele mesmo. Ainda que esse dia pareça continuar longe, a ciência mais moderna de machine learning e de processamento de linguagem natural está cada vez mais evoluída. O exemplo mais mediático e que abalou as instituições académicas, de forma especial, é o do Chat GPT.
O Chat GPT, tal como o conhecemos, foi lançado no ano de 2022 e tem como principal objetivo o de fornecer assistência interativa, de forma rápida e simples aos seus utilizadores. Ninguém esperava um impacto e sucesso de forma tão rápida. A realidade é que esta ferramenta atingiu mais de 100 milhões de utilizadores, em apenas dois meses. Tendo a capacidade de se relacionar e cruzar os milhões de dados disponíveis até ao ano de 2021 (e preparem-se, que muito em breve será até às datas atuais), o Chat GPT ganhou uma importância impossível de se desprezar. Usado por milhões de estudantes, a ferramenta é capaz de se tornar bastante controversa. Mas será que um medo paranoico ou um verdadeiro perigo para a sociedade?
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Em vez de reprimir a utilização de ferramentas como o Chat GPT, as escolas deveriam estar a ensinar os alunos a tirarem bom partido delas. Foto: Pablo by Buffer |
Primeiramente, é preciso lembrar que o Chat GPT é uma tecnologia e ferramenta bastante recente. Está sujeita a atualizações recorrentes e não está livre de conceder informações duvidosas ou até mesmo falsas. Se estes fatores são negativos? Com certeza que sim! Se é mais uma razão para educar a população acerca do seu uso? Sem dúvida! Ao invés de simplesmente se jogar a crítica de que não traz informações corretas, porque não ter cuidado no seu uso? A informação terá uma maior probabilidade de ser a que queremos e a mais correta consoante o número de detalhes com que a elucidemos. Por isso, contrariamente a apenas colocar algo como, por exemplo, “fale sobre a história de Portugal”, o mais correto seria questionar de forma mais específica e detalhada o pormenor que procuramos. A busca por grandes respostas não é totalmente sugerida, pelos motivos mencionados acima, mas é possível solicitar por fontes ou sites considerados confiáveis.
Com o decorrer do tempo, é normal que esta tecnologia evolua e se torne mais inteligente e eficaz. Mesmo assim, pode-se rever ainda outro tema pertinente que envolve esta questão. Desde sempre a batota e o abuso da tecnologia foi usada, e desde sempre foi um problema, sobretudo em meios académicos. Contudo, esse é um problema da pessoa e da educação da mesma, não da ferramenta ao seu dispor.
Algumas das possibilidades para um bom uso do Chat GPT vão desde a recolha e pesquisa de informações, a aprendizagem de culturas diferentes de forma criativa, a sugestão de temas ou instruções para textos ou trabalhos (quem nunca teve uma “branca” e pediu sugestões a familiares ou amigos?). Talvez aquilo que mais assuste os pais e professores seja a menor capacidade de crítica e análise do estudante, ao usar este tipo de ferramenta. Todavia, a ferramenta tem o propósito que nós lhe quisermos dar. Ao invés de pedir ao Chat GPT um texto feito, pedir um feedback acerca de um realizado por nós próprios, com sugestões de melhoria. Tal como são usados tutoriais no Youtube ou Internet para nos ajudar, o Chat GPT pode ter essa mesma função, de forma efetiva. Tudo depende do seu uso.
Em suma, esta ferramenta chegou para ficar. Depende apenas de nós atrasá-la ou aceitá-la. O Chat GPT não é perfeito. Mas é certo que melhorará e que, mais do que um risco ou perigo, deve ser visto como uma oportunidade. Uma oportunidade de autoaprendizagem e de receber ajuda. Tudo dependerá da forma como é usado, e por quem. O mal não está na tecnologia, mas no seu utilizador. E se considera que esta é uma ferramenta que destrói as nossas crianças e a sua capacidade crítica, experimente perguntar-lhe você mesmo se ele concorda com o uso incorreto ou pouco ético das informações que disponibiliza. Não sei se terá uma surpresa com a resposta, mas eu não tive.
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