Matilde do Paço e Nicole Sebastião
Matilde Gonçalves é representante de sessões informativas sobre o gap year, viabilizadas pela iniciativa Março Jovem, do programa de dinamização do setor de juventude do Município de Portimão, Geração XXI, e integra diversos projetos relacionados com atividades sociais e políticas. A ex-aluna de 18 anos explica como foi a experiência de não se candidatar ao ensino superior e dedicar o ano seguinte à conclusão do 12º ano a uma pausa nos estudos.
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Matilde Gonçalves (à esquerda) na atividade organizada em conjunto com o programa Geração XXI Portimão. |
Porque é que decidiste fazer um gap year?
Após ter feito o meu primeiro intercâmbio em maio de 2022, quando estava a terminar o meu 12º ano, apercebi-me que através da educação não formal posso aprender coisas novas e desenvolver capacidades a níveis que o ensino obrigatório em Portugal não possibilita. Decidi, então, reservar um ano entre o ensino obrigatório e o superior para focar-me totalmente nestas oportunidades, e ir para a universidade com uma visão mais completa do mundo.
OA: Qual consideras ter sido a tua melhor experiência durante o gap year?
As atividades mais marcantes do meu ano de pausa foram o projeto que eu própria criei, através do qual fui às escolas secundárias de Portimão fazer sessões informativas sobre Gap Year, o Projeto Erasmus+ e o EYE, que dá a jovens cidadãos europeus a oportunidade de participarem em atividades no Parlamento Europeu em Estrasburgo.
MG: Como começaste a dar palestras sobre o gap year?
Foi uma ideia que surgiu da vontade de incentivar os outros jovens a explorar as suas opções caso não se sintam preparados para enveredar para o ensino superior, por exemplo e, assim, dar a conhecer o gap year. Fiz a proposta do meu projeto à Câmara Municipal de Portimão, que aceitou e forneceu apoio para dar as palestras às escolas secundárias do município, juntamente com a Geração XXI de Portimão. Fiquei muito feliz, porque posso concretizar um dos meus objetivos.
OA: Tiveste algum momento mais desafiador ao longo deste ano?
MG: O momento mais desafiante dos últimos meses foi quando tive de decidir entre ir para a universidade, uma vez que concorri e entrei na minha primeira opção, e fazer um gap year. Os dias em que refleti antes de tomar uma decisão foram cheios de dúvidas e inseguranças.
OA: Achas que esta experiência te mudou de alguma maneira? Se sim, de que forma?
MG: Está a ser, sem dúvida, das experiências mais marcantes pelas quais passei. É a primeira vez, desde os seis anos, que não tenho a minha vida definida. Desta vez tive que ser eu a decidir como é que ia ser o meu dia a dia consoante as minhas prioridades. Claro que no início a ideia de ter de me desenrascar sozinha foi assustadora, mas todas as oportunidades que tive desde então tornaram-me mais autónoma e resiliente. Portanto, sim, não só me mudou, como foi a experiência que mais o fez até agora.
OA: O que mais aprendeste durante o gap year?
MG: Ainda não acabei o meu gap year, mas tenho a certeza que vou aprender muitas mais coisas. Ainda assim, acho que me tornei mais autónoma, aprendi que devemos fazer sempre o que nos faz mais feliz e não o que dizem que devemos fazer e passei a confiar mais em mim mesma.
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