Eva Mendonça, Filipe Pires, Hugo Rocha, José Duarte e Lara Paulino,
A crise habitacional tem vindo a afetar a população portuguesa nos últimos anos. A especulação imobiliária, a inflação, a escassez de habitação acessível ou o aumento das taxas de juros por parte dos bancos centrais acabam por asfixiar o acesso a moradias dignas e a preços justos. Sendo um problema cada vez mais transversal demograficamente, os estudantes universitários - que muitas vezes ficam obrigados a deslocarem-se das suas localidades para prosseguirem estudos - são dos que mais sofrem com a carência de opções habitacionais que sejam comportáveis economicamente.
Muitos estudantes acabam por ver as suas escolhas condicionadas na hora de decidirem o seu futuro académico. Rita Costa e Joana Santos, ambas estudantes do 2º ano do curso de Design e Comunicação na Universidade do Algarve, confessam que Lisboa era a primeira opção, mas que os preços dos quartos eram incomportáveis, o que fez com que acabassem por escolher a universidade algarvia.
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Fotografia: Luiz Costa por Pixabay |
Rita, natural de Portimão, diz que o valor que gasta na habitação a impossibilita de gastar o seu dinheiro nos seus interesses pessoais. Revela também que caso não tivesse arranjado um quarto em Faro a um preço suportável, acabaria por ter de, em último recurso, deslocar-se diariamente desde o seu local de residência até à universidade. Foi também o caso de Rafael Ramalho, estudante do 2º ano de Ciências da Comunicação, que no seu primeiro ano de faculdade, teve de se deslocar diariamente de Lagos até à capital algarvia. Não esconde a dificuldade que sentia, nem a satisfação que hoje sente por ter conseguido arranjar, juntamente com um amigo, uma casa próxima da universidade.
Por outro lado, Joana, vivendo no Cartaxo, tinha necessariamente de se deslocar para prosseguir estudos, devido à impossibilidade de permanecer em sua casa para estudar numa universidade. “O que me ajudou mais, foi o facto do meu irmão não ter ingressado no ensino superior e ter ido trabalhar. Pois, como temos poucos anos de diferença, os nossos pais não conseguiam fazer com que estudássemos ao mesmo tempo”, conta-nos a estudante.
Ingressar na universidade, por si só, é uma opção que já depende de diversos fatores socioeconómicos. A habitação é um dos principais entraves a que os jovens possam prosseguir os estudos, especialmente na área e instituição que idealmente pretendem. As residências universitárias funcionam como um salva-vidas para os estudantes que não têm possibilidade de arranjar um quarto onde residir durante o período letivo.
Raquel Ramos, de Vila Real de Trás-os-Montes, admite que nem chegou a procurar quartos no Algarve, pois a única hipótese de poder prosseguir os seus estudos académicos seria se fosse para uma residência universitária, o que acabou por acontecer. O mesmo sucedeu com Marco Rodrigues, natural da Madeira, que frequenta o CTesp de Design e Multimédia. “Não conseguia vir para a universidade se não tivesse vindo para a residência”, afirma. Já António Pita, de Design de Comunicação, confessa que, caso não conseguisse entrar na residência, tentaria fazer um gap year, para tentar juntar dinheiro para eventualmente poder suportar os preços de um quarto.
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