Diogo Lima, WTDPG: "Paz & União é e será um projeto que nunca terá fim"

Diogo Lima é um dos vocalistas dos WTDPG. A banda de hip-hop algarvia atuou no palco da Rua Fm na trigésima quinta edição da semana académica. Em antevisão desse concerto, o Olhares Académicos conversou com o músico.

Entrevista | Carolina Nunes

Olhares Académicos (OA): Como foi o início da banda, como se conheceram?

Diogo Lima (DL): Éramos muito miúdos e frequentamos o mesmo bairro, a Atalaia, em Faro. Fora isso, andávamos nas mesmas escolas, como a Joaquim Magalhães e o Liceu [Escola Secundária João de Deus]. Daí surgiu o interesse pelo hip-hop português e começámos a fazer de tudo para que o hip-hop deixasse de ser apenas uma brincadeira e passasse a ser um trabalho.

OA: Eu que acompanho a banda há algum tempo sempre me questionei o porquê de se chamarem WTDPG, será que me podia esclarecer?

DL: Esta pergunta leva-me a alguns anos atrás. WTDPG era uma sigla que utilizámos em 2011 para designar a nossa crew de amizade e significa Wolf Thugz Dreampack Gang.

OA: Muito engraçado! Mas, já agora, segundo a sua opinião quais foram os maiores obstáculos que os WTDPG sentiram ao longo do seu percurso?

DL: Foram dois anos de trabalho árduo, por vezes demasiado desafiante, mas nunca desistimos. Investimos muito em material, o que por vezes é complicado devido ao retorno do dinheiro gasto em despesas, que caso todos os planos fossem por “água a baixo” seriam grandes despesas que teríamos. Finalmente,  lançámos o álbum Paz & União, que nos encheu de orgulho e confiança para alcançarmos sempre mais e melhor.  

Primeiro álbum, Paz & União WTDPG


OA: Diogo, para si o que difere a música que vocês compõem da de outros músicos de hip-hop tuga?

DL: O nosso estilo é virado para o storytelling e vivências do nosso dia a dia ou conhecimento que adquirimos com a vida e estudos diários. Basicamente escrevemos e expomos o que vivemos e sentimos. Pretendemos ajudar e incentivar as gerações a melhorar o mundo e a instruir os humanos, de preferência os mais novos, com bons princípios e ideais daquilo que deve ser a vivência em sociedade.

OA: Conte-me então, se possível, qual foi a melhor experiência que os WTDPG retiraram das atuações ao vivo?

DL: Toda a energia, o sentimento e a gratidão que o público nos proporciona é bastante satisfatório e gratificante. É como se todo o nosso trabalho estivesse a ser recompensado. Para nós é realmente isto que nos fascina. 

OA: Já escutei muitas vezes os vossos álbuns e reparei que a vossa principal mensagem é de paz e união. Qual é o significado destas duas palavras para vocês?

DL: Paz & União, palavras fortes que fazem parte da base do relacionamento humano. Cada vez mais as pessoas são egocêntricas e egoístas, sem se aperceberem que o materialismo e o consumismo os torna autómatos, gananciosos e vazios. Paz & União é e será um projeto que nunca terá fim, já estamos a trabalhar no volume 2, o intuito é espalhar esses sentimentos e ideias de paz e união por toda a língua lusófona.

OA: Qual é a sua opinião acerca do movimento hip hop a nível regional? Considera que é possível viver do hip-hop aqui no Algarve?

DL: Não, não é possível, devido à falta de espaços para tocar, falta de apoios e falta de transportes públicos noturnos de modo a levar o público até aos espaços onde decorrem os eventos. Para não referir que o típico algarvio gosta de tudo o que vem de fora. Muitos têm de ir para Lisboa, por exemplo, assinar contratos com percentagens ridículas e só depois de tudo isso vêm tocar ao Algarve, e às suas cidades natais, e têm o devido reconhecimento. Nós estamos a tentar mudar essas tendências com a nossa crew, label e organizadora de eventos.

OA: Como se sente por poderem atuar num dos palcos deste evento tão importante para a nossa cidade, a Semana Académica?

DL: Teremos todo o gosto, para já porque adoramos pisar palcos e passar a nossa mensagem e depois porque sentimos o staff e o projeto da rádio Rua onde realmente dão voz a artistas locais, coisa que a Semana Académica peca. Mais um exemplo onde preferem pagar cachês chorudos a artistas de fora sempre das mesmas agências em vez de investirem na excelente qualidade que existe no Algarve.

OA: Quer partilhar algumas das datas dos próximos concertos?

DL: Claro que sim, quanto mais público, mais o ambiente presente no concerto, o ânimo do artista e toda a vibe do hip-hop está completa e perfeita. Dia 07 de maio iremos então atuar no palco Rua na Doca de Faro, dia 11 de junho na Fnac de Faro, dia 12 de junho na Fnac da Guia e dia 16 de junho no bar Baixaria, Faro. Como podem ver temos aqui já alguns concertos marcados na nossa agenda.

OA: Perspectivas futuras?

DL: No futuro adoraria tocar de norte a sul, África, Brasil e países onde residem emigrantes, queremos também tocar em bairros sociais e em prisões mas tudo isto como independentes é quase impossível, nós lutamos para conquistar os nossos sonhos e objetivos por isso para nós tudo é possível.

OA: Obrigada Diogo por este momento de partilha, desejo-lhe muitos votos de sucesso e dia 07 de maio lá estarei a usufruir desta enorme cultura que é o movimento hip-hop.

Diogo Lima: Não tem que agradecer, foi um gosto enorme. Um abraço, família, e nunca se esqueçam, Paz & União.


Comentários