Foi no Estádio do Dragão que o Manchester City e o Chelsea disputaram a final da Liga dos Campeões, a 29 de maio. Cerca de 16 mil pessoas assistiram a um grande jogo, mas só para o inglês ver.
Francisco Grilo.
Francisco Grilo.
Num ano atípico em que apenas uma dezena de jogos entre equipas portuguesas tiveram público, com distanciamento social, uso de máscara obrigatório, medição de temperatura à entrada, entre uma outra bíblia de obrigações, assistimos na Invicta uma pura anarquia, onde uma guerra “animalesca” entre adeptos dos dois clubes finalistas foi o acontecimento desta semana.
Comecemos então com a primeira pergunta: Porquê a final na cidade do Porto? A final iria ser na cidade de Istambul, algo que foi impossibilitado pelas restrições de deslocação pelo governo britânico. Qual seria a alternativa mais plausível e fácil para uma final entre duas equipas inglesas? O país onde se localizam estas equipas, ou um país que obriga os atletas, equipa técnica, dirigentes e adeptos a comprar bilhetes de avião, hotéis e transportes públicos? Claro que tinham de escolher a opção mais ineficiente e contagiosa, visto que o governo britânico sabe os riscos de uma final com público em tempo de pandemia.
Já sabemos que a opção de a final ocorrer no Reino Unido está fora de questão, vamos então para a segunda pergunta: Para onde vai a final? A abertura do governo português para o turismo, comparável em certo ponto a desespero, levou a que a anarquia dos ingleses rumasse ao seu aliado mais histórico.
Tudo bem então, não é a melhor decisão do ponto de vista epidemiológico, mas vamos ao menos assegurar que é possível receber uma quantidade grande de pessoas sem correr riscos de contágio, através de “bolhas de segurança”.
Mas a bolha rebentou. Se ajuntamentos na Ribeira não contribuem para contaminações, mais vale nós todos voltarmos para as discotecas sem máscara e distanciamento, porque foi isso que aconteceu à beira do Rio Douro. Não só na Ribeira, como também dentro do próprio recinto desportivo, onde a máscara era inexistente, tal como a educação e o respeito pela cidade que visitam, visto que até agrediram com cadeiras.
Muito bem, a final no Porto não correu bem em termos pandémicos, nem no respeito dos ingleses pelas boas maneiras, mas pelo menos os portugueses terão direito de poder assistir jogos de futebol das suas equipas. Sim, sim, vão assistir das vossas televisões. A final da Taça de Portugal, disputada no Estádio Cidade de Coimbra, não teve direito a público de adeptos, tal como a última jornada do campeonato português.
No dia seguinte à final da Champions, ocorreu o jogo entre Torreense e Vitória Futebol Clube, ambas equipas que disputavam o lugar na Segunda Liga. A euforia estava no ar, mas a PSP fez algo que não foi feito no jogo de campeão do Sporting: o jogo foi declarado de risco elevado, fechando as áreas circundantes do recinto desportivo.
O treinador da equipa da casa, Filipe Moreira, comparou a entrada no recinto a uma guerra nuclear, afirmando que Porto e Lisboa devem ser considerados um país diferente para não acontecerem estas fortes medidas restritivas. A paixão da sua claque, o “Topo SCUT”, acabou por levá-los ao recinto, possibilitando de alguma forma dar apoio à sua equipa. Como uma “prenda” da Polícia de Segurança Pública, receberam de volta balas de borracha. Deve ter havido um conflito na língua, visto que os torrienses não têm como língua principal inglês.
A final do Campeonato de Portugal, entre os vencedores das séries Norte (Trofense) e Sul (Estrela da Amadora SAD), foi disputada num recinto de 30 mil pessoas. Quantos adeptos puderam assistir à final? Zero.
Futebol de portugueses, para os portugueses? Apenas “para inglês ver”, e os portugueses irão “pagar a fatura” desta organização desastrosa da final da Liga dos Campeões que, para o secretário de Estado do desporto e da juventude, João Paulo Rebelo, foi um sucesso.
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Já sabemos que a opção de a final ocorrer no Reino Unido está fora de questão, vamos então para a segunda pergunta: Para onde vai a final? A abertura do governo português para o turismo, comparável em certo ponto a desespero, levou a que a anarquia dos ingleses rumasse ao seu aliado mais histórico.
Tudo bem então, não é a melhor decisão do ponto de vista epidemiológico, mas vamos ao menos assegurar que é possível receber uma quantidade grande de pessoas sem correr riscos de contágio, através de “bolhas de segurança”.
Mas a bolha rebentou. Se ajuntamentos na Ribeira não contribuem para contaminações, mais vale nós todos voltarmos para as discotecas sem máscara e distanciamento, porque foi isso que aconteceu à beira do Rio Douro. Não só na Ribeira, como também dentro do próprio recinto desportivo, onde a máscara era inexistente, tal como a educação e o respeito pela cidade que visitam, visto que até agrediram com cadeiras.
Muito bem, a final no Porto não correu bem em termos pandémicos, nem no respeito dos ingleses pelas boas maneiras, mas pelo menos os portugueses terão direito de poder assistir jogos de futebol das suas equipas. Sim, sim, vão assistir das vossas televisões. A final da Taça de Portugal, disputada no Estádio Cidade de Coimbra, não teve direito a público de adeptos, tal como a última jornada do campeonato português.
No dia seguinte à final da Champions, ocorreu o jogo entre Torreense e Vitória Futebol Clube, ambas equipas que disputavam o lugar na Segunda Liga. A euforia estava no ar, mas a PSP fez algo que não foi feito no jogo de campeão do Sporting: o jogo foi declarado de risco elevado, fechando as áreas circundantes do recinto desportivo.
O treinador da equipa da casa, Filipe Moreira, comparou a entrada no recinto a uma guerra nuclear, afirmando que Porto e Lisboa devem ser considerados um país diferente para não acontecerem estas fortes medidas restritivas. A paixão da sua claque, o “Topo SCUT”, acabou por levá-los ao recinto, possibilitando de alguma forma dar apoio à sua equipa. Como uma “prenda” da Polícia de Segurança Pública, receberam de volta balas de borracha. Deve ter havido um conflito na língua, visto que os torrienses não têm como língua principal inglês.
A final do Campeonato de Portugal, entre os vencedores das séries Norte (Trofense) e Sul (Estrela da Amadora SAD), foi disputada num recinto de 30 mil pessoas. Quantos adeptos puderam assistir à final? Zero.
Futebol de portugueses, para os portugueses? Apenas “para inglês ver”, e os portugueses irão “pagar a fatura” desta organização desastrosa da final da Liga dos Campeões que, para o secretário de Estado do desporto e da juventude, João Paulo Rebelo, foi um sucesso.
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