“As histórias simples são as mais bonitas”

A Vila de Portel, no distrito de Évora, viu nascer Fúlvia Almeida a 7 de janeiro de 1978. Apaixonada pelo teatro e o jornalismo, nunca deixando nenhum deles para trás, é uma inspiração para vários jovens. 

Perfil | Miguel Veiga e Francisco Grilo

Escrever acerca de Fúlvia Almeida acaba por ser uma inspiração para qualquer aspirante a jornalista ou por quem a conhece como pessoa e profissional. Já foi a nossa companhia no programa da manhã Café Duplo, da Rádio Universitária do Algarve, assumindo também o cargo de diretora de antena, entre tantas histórias simples que descobrimos.

Fotografia: Fúlvia Almeida

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve, jornalista de profissão, é atualmente Presidente da Direção da Arquente Associação, ligada às artes performativas, teatro, dança, teatro físico às artes visuais e multimédia. Fúlvia Almeida sempre teve dois sonhos, o jornalismo e o teatro, e nenhum deles ficou para trás.

Nascida na Vila de Portel e criada na Aldeia de São Manços, perto de Évora, terminou os seus estudos em Évora antes de ingressar na universidade. Como muitos outros jovens, o sonho da altura era ir estudar teatro para Lisboa, mas por vários motivos quis o destino que ingressasse na Universidade do Algarve, no curso de Ciências da Comunicação, e a paixão que hoje tem por Faro não foi à primeira vista. 

Vista na sede da Arquente, na muralha da cidade velha. Fotografia: Tatá Regala

A história simples da cidade de Faro

Na chegada a Faro, confessa que achou a cidade pouco bonita, para não dizer feia. Demasiados prédios, descaracterizada. Talvez porque tinha estudado em Évora, que ainda hoje considera uma cidade histórica bonita e fascinante.

Após um convite de um colega de curso, que lhe mostrou Faro em toda a sua plenitude, levando-a à cidade velha, à ria e à praia, decidiu dar-lhe uma oportunidade. Daí até à paixão foi um passo. Hoje, afirma, é uma "paixão mútua". Sentiu-se acolhida a vários níveis, quer no profissional, quer na sua vida pessoal. Facilmente arranjou pequenos trabalhos e foi conhecendo várias pessoas na área, pelos estágios curriculares que fez na redação da Antena 1 e, mais tarde, na redação da SIC. 

Emissão do “Café Duplo” na RUA FM. Fotografia: Bruno Filipe Pires

A Menina da Rádio RUA

Enquanto frequentava a licenciatura na UAlg, ingressou num outro curso de rádio, com aulas práticas na então Rádio Atlântico, em Olhão. Começou por trabalhar na redação da rádio, no período da manhã, este que veio a ser o primeiro trabalho em comunicação remunerado.

Passados dez anos como freelancer, trabalhando para vários órgãos de comunicação, da Antena 1 à KISS FM, entre outros, sempre manteve a sua autonomia, que tanto preza. Aliás, não gosta de “ter patrões nem horários”, confessa.

A rádio voltaria a ter um papel importante na sua vida em janeiro de 2016, quando assumiu os comandos como diretora de antena da Rádio Universitária do Algarve – RUA FM, fruto de um inesperado convite por parte do então reitor. No desempenho das suas funções, preconizou um trabalho de excelente qualidade, convidando vários jovens de ciências da comunicação a participar ativamente em rubricas e emissões em direto, trazendo um ar fresco à rádio.

A menina da rádio, de facto, era também a técnica da rádio, a relações-públicas da rádio, a informática da rádio Em qualquer evento com a cobertura da RUA FM era já normal ver a Fúlvia Almeida a carregar a mesa de som para um lado, microfones para outro e sempre ao telefone a perguntar pela linha telefónica. Era a mulher de mangas arregaçadas que, muitas vezes, subia aos escadotes para levar cabos até às mesas de som para dar aos ouvintes o acontecimento, a notícia. Entrevistas, sempre com um sorriso esboçado que contagiava qualquer entrevistado nas noites do Festival MED, do Festival F, ou mesmo no estúdio da RUA FM. Mas a menina da rádio RUA deixaria a rádio em setembro de 2020 para um outro voo. 

Concertos ao Entardecer na sede da Arquente. Fotografia: Marisa Madeira 

Um Ar assim tão quente

Desde 2007 que Fúlvia tem alimentado a sua outra grande paixão: a do teatro. Na Arquente, começou a participar em vários projetos e tornou-se membro da associação. Com a saída de Gil Silva, atual Diretor do Teatro das Figuras, e de Teresa Silva, que, para prosseguir estudos em Aveiro, lhe passou a pasta, é atualmente a presidente da direção. Um dos seus objetivos é profissionalização da própria associação.

Com sede na cidade velha em Faro, a Arquente desenvolve vários projetos e organiza diversos eventos. Um deles, os concertos ao entardecer, tem tudo que fez Fúlvia apaixonar-se pela cidade de Faro: a cidade velha, a praia e a ria como pano de fundo.

Como atriz, além das várias produções da Arquente em que participou, destaca-se a produção Sombra, que estreou no dia 3 de abril de 2019 no Teatro das Figuras. Este é, pelas palavras de Miguel Moreira, em entrevista o Sul Informação (a 9 de março de 2019), um "trabalho sobre o corpo e a incompreensão de o entender. Pessoas que esperam e olham entre si mesmas através dos outros. Os seus corpos tombam e arrastam-se pelo chão, desenhando caminhos possíveis para a existência". "A 'Sombra' é um espaço protetor de altas temperaturas onde já não podemos fugir daquilo que somos e do que realmente sentimos aqui e agora", referia o diretor da peça ao órgão de informação regional. 

Sombra, uma coprodução da Arquente Associação e Teatro das Figuras. Fotografia: Helena Gonçalves

As histórias de cada um

"A lua pode esperar", tal como escreve Gonçalo Cadilhe, na sua paixão pelas viagens, e Fúlvia Almeida também adora viajar, escrever e ler sobre viagens. Já viajou por alguns locais do mundo e a cada viagem cresce exponencialmente essa paixão.

Entre os muitos países visitados pela Fúlvia Almeida, um deles foi a Índia

Adora histórias, adora "pessoas humanas", no sentido serem "internas, serem pessoas bonitas", e gosta muito da história delas. Gosta de ouvir as histórias de vida e acha que as histórias simples são as mais bonitas. E que cada pessoa tem uma história, seja ela como for, e é isso que nos torna únicos.

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