Entrevista | Marco Amaral
Sara Sameiro é funcionária de balcão numa loja de compra e venda de eletrodomésticos, em Portimão, que não fechou portas durante o Estado de Emergência. A trabalhadora, de 24 anos, conta como tem desempenhado as suas funções num momento em que a interação com os clientes conheceu tantas alterações e como tem gerido os contactos com os familiares.
Quais as medidas de precaução que a loja onde trabalha pôs em prática para prevenir a propagação do vírus?
Para além de encorajar os funcionários a lavar as mãos com maior frequência, colocou-se também um pequeno poste com desinfetante ao pé da entrada para os clientes usarem. Apenas são admitidos dois clientes em simultâneo dentro do estabelecimento, estejam estes em companhia um do outro ou não. Normalmente, um de nós tem de os acompanhar, embora não de forma forçosa. Estamos também proibidos de comprar seja o que for, só se fazem vendas agora.
É frequente a entrada de clientes no estabelecimento?
No nosso nem tanto, é algo irregular a vinda de pessoas para aqui. Mas na loja [de venda de eletrodomésticos] que está aqui perto vê-se ainda muita gente a fazer compras, é raro não ver lá uma fila.
Sente-se em perigo enquanto trabalha, estando constantemente exposta a várias pessoas?
Não digo que me sinta totalmente segura, mas infelizmente há um máximo que possa fazer para o evitar. Preciso do trabalho, o trabalho precisa de mim, e faço o que posso para me manter protegida enquanto desempenho as minhas funções. Felizmente os clientes têm respeitado as normas impostas e não põem o meu bem-estar, ou dos outros, em risco. Mas há sempre o medo do cuidado ser pouco, ou de algum iluminado aparecer.
Houve algum cliente que vos tenha tratado de forma menos atenciosa, devido ao pânico do vírus?
Sim, há sempre algumas pessoas nervosas com a situação, e exaltam-se ao mínimo toque que tenhamos com produtos ou objetos. Nunca excedeu o “levantar a voz”, por enquanto, mas nunca é uma experiência agradável. Pelo menos existem certas pessoas conscientes que nos tratam com respeito e nos agradecem pelo nosso trabalho.
Como se sentem familiares e amigos seus sabendo que você continua a trabalhar, fora de casa, com maior exposição aos perigos do vírus?
Os meus pais sentem-se preocupados comigo, claro, mas sabem que é algo que eu preciso de fazer e compreendem perfeitamente a situação em que estou. O meu pai trabalha num supermercado, ele entende especialmente. Quem acaba por stressar mais é a minha namorada, com quem eu vivo. Ela trabalha através de casa, graças a deus. Quando saio de casa, ela costuma estar a dormir, mas quando acorda faz sempre questão de me mandar mensagem a perguntar se estou bem e a desejar-me sorte. Quando fechamos e volto a casa, ela fica sempre em êxtase por me ver bem. Eu sei que sofre muito por eu estar fora e exposta, e gostava imenso de lhe dar o alívio de que nada me vai acontecer, mas não posso garantir o que não sei. Espero sinceramente que este vírus desapareça e possa voltar à minha vida normal, que já em si tinha os seus problemas. Bastavam-me esses…
Sara Sameiro é funcionária de balcão numa loja de compra e venda de eletrodomésticos, em Portimão, que não fechou portas durante o Estado de Emergência. A trabalhadora, de 24 anos, conta como tem desempenhado as suas funções num momento em que a interação com os clientes conheceu tantas alterações e como tem gerido os contactos com os familiares.
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Quem trabalha no atendimento ao público necessita de cuidados redobrados. |
É frequente a entrada de clientes no estabelecimento?
No nosso nem tanto, é algo irregular a vinda de pessoas para aqui. Mas na loja [de venda de eletrodomésticos] que está aqui perto vê-se ainda muita gente a fazer compras, é raro não ver lá uma fila.
Sente-se em perigo enquanto trabalha, estando constantemente exposta a várias pessoas?
Não digo que me sinta totalmente segura, mas infelizmente há um máximo que possa fazer para o evitar. Preciso do trabalho, o trabalho precisa de mim, e faço o que posso para me manter protegida enquanto desempenho as minhas funções. Felizmente os clientes têm respeitado as normas impostas e não põem o meu bem-estar, ou dos outros, em risco. Mas há sempre o medo do cuidado ser pouco, ou de algum iluminado aparecer.
Houve algum cliente que vos tenha tratado de forma menos atenciosa, devido ao pânico do vírus?
Sim, há sempre algumas pessoas nervosas com a situação, e exaltam-se ao mínimo toque que tenhamos com produtos ou objetos. Nunca excedeu o “levantar a voz”, por enquanto, mas nunca é uma experiência agradável. Pelo menos existem certas pessoas conscientes que nos tratam com respeito e nos agradecem pelo nosso trabalho.
Como se sentem familiares e amigos seus sabendo que você continua a trabalhar, fora de casa, com maior exposição aos perigos do vírus?
Os meus pais sentem-se preocupados comigo, claro, mas sabem que é algo que eu preciso de fazer e compreendem perfeitamente a situação em que estou. O meu pai trabalha num supermercado, ele entende especialmente. Quem acaba por stressar mais é a minha namorada, com quem eu vivo. Ela trabalha através de casa, graças a deus. Quando saio de casa, ela costuma estar a dormir, mas quando acorda faz sempre questão de me mandar mensagem a perguntar se estou bem e a desejar-me sorte. Quando fechamos e volto a casa, ela fica sempre em êxtase por me ver bem. Eu sei que sofre muito por eu estar fora e exposta, e gostava imenso de lhe dar o alívio de que nada me vai acontecer, mas não posso garantir o que não sei. Espero sinceramente que este vírus desapareça e possa voltar à minha vida normal, que já em si tinha os seus problemas. Bastavam-me esses…
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