Crónica | Beatriz Barbosa Cabral*
Estavam na sala as duas irmãs a ver televisão, uma série qualquer no Netflix. O pai estava a trabalhar na mesa de jantar. A mãe estava a fazer o almoço. Como nos últimos dois meses, por volta das duas da tarde, a irmã mais nova sentou-se ao pé do pai com um caderno de notas e alguns lápis para colorir. A irmã mais velha pegou o celular e foi olhar o que é que havia de novo no Instagram. Não havia nada desde a última vez que ela checara, precisamente 18 minutos antes.
A mãe chamou para o almoço e sentaram-se todos a mesa. A mais velha já não queria mais ver batatas, estava farta de come-las. A mais nova, como nos últimos meses, não comeu os vegetais. A mãe já havia desistido de tentar acalmar as duas crias. O pai estava preocupado com o lay-off. Não conseguiu perceber ao certo quanto dinheiro ia ter no final do mês porque o simulador da Segurança Social era muito confuso.
Depois do almoço silencioso, o pai voltou a trabalhar e a mãe pediu ajuda para arrumar a cozinha. As irmãs, porque são crianças e preferem mil vezes brincar do que limpar, reclamaram. A mãe respirou fundo buscando paciência. Não fazia ideia que o Estado de Emergência ia estender-se também à sua casa.
Pelo menos já estava a acabar. Quando conversavam durante a noite, o pai e mãe falavam sobre todas as coisas que aprenderam por causa das adaptações que tiveram de fazer para sobreviver com as duas pequenas em casa, que nem tão pequenas assim eram. Conforme os dias passavam ficava mais difícil respirar fundo e manter a calma. O pai e a mãe já nem queriam sair, queriam mesmo é que as filhas saíssem, fossem ficar um pouco com a avó ou qualquer coisa do gênero.
Qual é que não foi a surpresa dos dois quando no dia seguinte a mais nova disse que se tivesse de aguentá-los por mais uma semana ia acabar por arrancar os próprios cabelos.
Estavam na sala as duas irmãs a ver televisão, uma série qualquer no Netflix. O pai estava a trabalhar na mesa de jantar. A mãe estava a fazer o almoço. Como nos últimos dois meses, por volta das duas da tarde, a irmã mais nova sentou-se ao pé do pai com um caderno de notas e alguns lápis para colorir. A irmã mais velha pegou o celular e foi olhar o que é que havia de novo no Instagram. Não havia nada desde a última vez que ela checara, precisamente 18 minutos antes.
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Imagem de congerdesign por Pixabay |
A mãe chamou para o almoço e sentaram-se todos a mesa. A mais velha já não queria mais ver batatas, estava farta de come-las. A mais nova, como nos últimos meses, não comeu os vegetais. A mãe já havia desistido de tentar acalmar as duas crias. O pai estava preocupado com o lay-off. Não conseguiu perceber ao certo quanto dinheiro ia ter no final do mês porque o simulador da Segurança Social era muito confuso.
Depois do almoço silencioso, o pai voltou a trabalhar e a mãe pediu ajuda para arrumar a cozinha. As irmãs, porque são crianças e preferem mil vezes brincar do que limpar, reclamaram. A mãe respirou fundo buscando paciência. Não fazia ideia que o Estado de Emergência ia estender-se também à sua casa.
Pelo menos já estava a acabar. Quando conversavam durante a noite, o pai e mãe falavam sobre todas as coisas que aprenderam por causa das adaptações que tiveram de fazer para sobreviver com as duas pequenas em casa, que nem tão pequenas assim eram. Conforme os dias passavam ficava mais difícil respirar fundo e manter a calma. O pai e a mãe já nem queriam sair, queriam mesmo é que as filhas saíssem, fossem ficar um pouco com a avó ou qualquer coisa do gênero.
Qual é que não foi a surpresa dos dois quando no dia seguinte a mais nova disse que se tivesse de aguentá-los por mais uma semana ia acabar por arrancar os próprios cabelos.
*Texto redigido em português do Brasil.
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