Crónica | Tatiana Felício
Hoje completo não sei quantos dias de quarentena. Na verdade, não sei mesmo quantos, porque para ser sincera se não fossem as constantes notificações de aniversários do Facebook eu nem sabia que dia era. Isto do coronavírus e do isolamento social veio provar-nos que a nossa paciência é maior do que alguma vez pensámos e que temos uma enorme capacidade de inventar mil e uma coisas para fazer, quando tempo é algo que temos de sobra.
Os meus dias e, acho que os de 99% da população, têm sido um replaydo dia anterior, com a pequena diferença de que vou mudando o pijama de vez em quando. Os trabalhos da universidade não me deixam pensar que estou de férias, o meu stock de livros já se esgotou 3 vezes e, como tal, já fiz umas quantas encomendas de livros novos, e começo a achar que o carteiro que mos entrega acha que sou uma leitora compulsiva, os meus pés já não sabem o que são sapatos e as minhas roupas já não sabem quem eu sou. Ok, se calhar estou a exagerar, até porque tenho saído pelo menos 2 vezes por semana para andar, nem que seja à volta do prédio, e gastar algumas energias.
A minha mãe, durante esta quarentena, tirou um mestrado em limpar o que já está limpo e o meu pai, converteu-se aos encantos das séries da Netflix, depois de lavar a loiça. A minha avó tirou umas férias de me aturar, e o meu tio ganhou o hábito de sair de casa para vir beber café à minha, sim nós vivemos no mesmo prédio. Os meus vizinhos já perderam o rumo das horas e já não sabem que chega a uma altura do dia em que todos merecemos silêncio. Uns gritam à janela para alegrar quem os ouve, outros gritam para os mandar calar, como devem imaginar isto torna-se uma bela festa.
Para ser sincera acho que durante esta quarentena tenho visto, pela janela, vizinhos a passear os animais de estimação que nem sabiam que os tinham e pela primeira vez acho que os pobres cães já não se animam por ouvir “vamos à rua?”, dada a quantidade de vezes que lá vão e que são usados como desculpa para sair de casa.
Mas como em tudo na vida temos de ver os aspetos positivos do coronavírus. Já repararam em que meses é que isto surgiu? Isso mesmo, naqueles meses de meia estação em que ninguém sabe o que vestir, em que as lojas estão repletas de roupa demasiado quente e demasiado fria e em que andamos todos com a mesma roupa durante semanas inteiras. Pois é, já viram que só assim não saímos de casa e ninguém nos pode apontar o dedo e dizer “credo, já vestiu aquela blusa 3 vezes esta semana”. Quando nos disserem que podemos finalmente andar tranquilos, onde quisermos e com quem quisermos, já será outra estação e, como tal, chegou a altura de renovarmos o nosso guarda roupa. Com isto quero dizer, claro, que os centros comerciais vão estar a abarrotar como no black friday, mas sem a parte dos descontos.
Bem resumindo toda esta história, ainda não podemos fazer mais do que esperar que tudo passe e até lá vamos-nos entretendo por casa.
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Imagem de Frauke Riether por Pixabay |
Os meus dias e, acho que os de 99% da população, têm sido um replaydo dia anterior, com a pequena diferença de que vou mudando o pijama de vez em quando. Os trabalhos da universidade não me deixam pensar que estou de férias, o meu stock de livros já se esgotou 3 vezes e, como tal, já fiz umas quantas encomendas de livros novos, e começo a achar que o carteiro que mos entrega acha que sou uma leitora compulsiva, os meus pés já não sabem o que são sapatos e as minhas roupas já não sabem quem eu sou. Ok, se calhar estou a exagerar, até porque tenho saído pelo menos 2 vezes por semana para andar, nem que seja à volta do prédio, e gastar algumas energias.
A minha mãe, durante esta quarentena, tirou um mestrado em limpar o que já está limpo e o meu pai, converteu-se aos encantos das séries da Netflix, depois de lavar a loiça. A minha avó tirou umas férias de me aturar, e o meu tio ganhou o hábito de sair de casa para vir beber café à minha, sim nós vivemos no mesmo prédio. Os meus vizinhos já perderam o rumo das horas e já não sabem que chega a uma altura do dia em que todos merecemos silêncio. Uns gritam à janela para alegrar quem os ouve, outros gritam para os mandar calar, como devem imaginar isto torna-se uma bela festa.
Para ser sincera acho que durante esta quarentena tenho visto, pela janela, vizinhos a passear os animais de estimação que nem sabiam que os tinham e pela primeira vez acho que os pobres cães já não se animam por ouvir “vamos à rua?”, dada a quantidade de vezes que lá vão e que são usados como desculpa para sair de casa.
Mas como em tudo na vida temos de ver os aspetos positivos do coronavírus. Já repararam em que meses é que isto surgiu? Isso mesmo, naqueles meses de meia estação em que ninguém sabe o que vestir, em que as lojas estão repletas de roupa demasiado quente e demasiado fria e em que andamos todos com a mesma roupa durante semanas inteiras. Pois é, já viram que só assim não saímos de casa e ninguém nos pode apontar o dedo e dizer “credo, já vestiu aquela blusa 3 vezes esta semana”. Quando nos disserem que podemos finalmente andar tranquilos, onde quisermos e com quem quisermos, já será outra estação e, como tal, chegou a altura de renovarmos o nosso guarda roupa. Com isto quero dizer, claro, que os centros comerciais vão estar a abarrotar como no black friday, mas sem a parte dos descontos.
Bem resumindo toda esta história, ainda não podemos fazer mais do que esperar que tudo passe e até lá vamos-nos entretendo por casa.
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