Entrevista | Tatiana Felício
O novo coronavírus é, atualmente, uma realidade com a qual Portugal e o mundo têm de lidar. O problema afeta não só a saúde como também a economia, em vários domínios da sociedade, com inúmeras implicações na vida das populações. A restauração é um dos setores que sofreram repercussões devido à Covid-19. Muitos cafés e restaurantes encerraram por tempo indeterminado, o que originou um sentimento de ansiedade e preocupação por parte de patrões e trabalhadores. Almerinda Felício, funcionária de um snack-bar em Faro, partilha com o Olhares Académicos as inquietações que a pandemia trouxe consigo e como é estar privada de exercer as suas funções neste contexto.
O que pensa acerca da atual situação de pandemia?
É uma situação muito complicada, as pessoas andam inseguras e com medo. Por mais que nos queiramos proteger nunca sabemos se as medidas que tomamos são suficientes, não sabemos o que pensar, nem quanto tempo é que vamos estar nesta situação. É quase impossível estar tranquila quando estamos todos em risco, não podemos pensar que só acontece aos outros porque pode acontecer aos nossos familiares, aos nossos amigos e até mesmo a nós próprios. Preocupa-me bastante toda a situação, mas penso que é essencial manter um pensamento positivo e tentar não perder a esperança. Por enquanto só nos resta ficar em casa e esperar que tudo isto acabe depressa e bem.
Nos dias antes do fecho da pastelaria como estava o movimento de clientes? Serviram muitas pessoas?
Não, foram dias muito fracos. Os clientes habituais iam e pediam os pratos que saíssem mais rápido porque não queriam estar rodeados de muitas pessoas e não queriam estar nem na parte de pastelaria nem no restaurante durante muito tempo. Notei que servimos muitos clientes estrangeiros, muitos ingleses, franceses, chineses, e confesso que isso me deixava um pouco alarmada, a mim e aos outros clientes, porque se notava a inquietação e o desagrado de alguns por se sentarem em mesas perto deles. Começámos a notar muito a perda de clientes nos últimos dias antes do patrão decidir fechar portas.
Imagino que o seu patrão e as suas colegas se mostraram, igualmente, preocupados com essa perda de clientes e depois com o consecutivo fecho da pastelaria.
Sim, claro que sim, é uma decisão extrema e muito difícil de tomar. O meu patrão está preocupado com o facto de ter a pastelaria fechada porque ele continua a ter ordenados para pagar e nós somos 12 empregadas e, como é obvio, estamos apreensivas porque temos contas para pagar e sem trabalhar não recebemos o suficiente. Mas também chegámos à conclusão de que essa era a melhor opção porque, tal como eu disse, estávamos a servir muitas pessoas de outros países e sentíamo-nos um pouco expostas ao perigo, porque não sabíamos de onde é que eles vinham nem com quem se tinham cruzado, isto em relação aos clientes estrangeiros e aos portugueses porque a dada altura já qualquer um podia estar infetado. A nossa saúde e o nosso bem-estar são muito importantes, portanto decidimos fechar.
Antes do fecho tomaram algumas medidas preventivas? Usaram máscara ou luvas?
Máscara não, mas luvas sim. Para além disso, estávamos constantemente a desinfetar as mãos, limpar as mesas, as casas de banho, o balcão e o chão. Colocámos desinfetante nas casas de banho para as pessoas usarem e reforçámos a limpeza das salas e da cozinha.
Sei que tem alguns anos de casa e experiência na área da restauração. Acha que vai ser fácil recuperar os lucros quando tudo voltar ao normal?
Não fácil não vai ser, vamos levar algum tempo até que tudo volte ao normal. Aliás, acredito que nem tão cedo vamos recuperar porque muitas pessoas deixaram de trabalhar devido ao coronavírus e a meu ver muitas vão ter mais cuidado com os gastos e as despesas depois disto. Se calhar, em vez de irem almoçar/jantar fora comem em casa e é mais esse dinheiro que poupam. Vai ser complicado recuperar o dinheiro perdido.
Que conselhos dá às pessoas que estão na mesma situação?
Antes de mais, que mantenham a esperança, que pensem positivo e mantenham a calma. Eu estou a tentar fazer o mesmo. Cuidem-se, a vocês e aos outros, e juntos vamos conseguir ultrapassar mais este obstáculo que se atravessou no nosso caminho.
O novo coronavírus é, atualmente, uma realidade com a qual Portugal e o mundo têm de lidar. O problema afeta não só a saúde como também a economia, em vários domínios da sociedade, com inúmeras implicações na vida das populações. A restauração é um dos setores que sofreram repercussões devido à Covid-19. Muitos cafés e restaurantes encerraram por tempo indeterminado, o que originou um sentimento de ansiedade e preocupação por parte de patrões e trabalhadores. Almerinda Felício, funcionária de um snack-bar em Faro, partilha com o Olhares Académicos as inquietações que a pandemia trouxe consigo e como é estar privada de exercer as suas funções neste contexto.
![]() |
Muitos estabelecimentos comerciais voltarão a abrir portas em maio. |
O que pensa acerca da atual situação de pandemia?
É uma situação muito complicada, as pessoas andam inseguras e com medo. Por mais que nos queiramos proteger nunca sabemos se as medidas que tomamos são suficientes, não sabemos o que pensar, nem quanto tempo é que vamos estar nesta situação. É quase impossível estar tranquila quando estamos todos em risco, não podemos pensar que só acontece aos outros porque pode acontecer aos nossos familiares, aos nossos amigos e até mesmo a nós próprios. Preocupa-me bastante toda a situação, mas penso que é essencial manter um pensamento positivo e tentar não perder a esperança. Por enquanto só nos resta ficar em casa e esperar que tudo isto acabe depressa e bem.
Nos dias antes do fecho da pastelaria como estava o movimento de clientes? Serviram muitas pessoas?
Não, foram dias muito fracos. Os clientes habituais iam e pediam os pratos que saíssem mais rápido porque não queriam estar rodeados de muitas pessoas e não queriam estar nem na parte de pastelaria nem no restaurante durante muito tempo. Notei que servimos muitos clientes estrangeiros, muitos ingleses, franceses, chineses, e confesso que isso me deixava um pouco alarmada, a mim e aos outros clientes, porque se notava a inquietação e o desagrado de alguns por se sentarem em mesas perto deles. Começámos a notar muito a perda de clientes nos últimos dias antes do patrão decidir fechar portas.
Imagino que o seu patrão e as suas colegas se mostraram, igualmente, preocupados com essa perda de clientes e depois com o consecutivo fecho da pastelaria.
Sim, claro que sim, é uma decisão extrema e muito difícil de tomar. O meu patrão está preocupado com o facto de ter a pastelaria fechada porque ele continua a ter ordenados para pagar e nós somos 12 empregadas e, como é obvio, estamos apreensivas porque temos contas para pagar e sem trabalhar não recebemos o suficiente. Mas também chegámos à conclusão de que essa era a melhor opção porque, tal como eu disse, estávamos a servir muitas pessoas de outros países e sentíamo-nos um pouco expostas ao perigo, porque não sabíamos de onde é que eles vinham nem com quem se tinham cruzado, isto em relação aos clientes estrangeiros e aos portugueses porque a dada altura já qualquer um podia estar infetado. A nossa saúde e o nosso bem-estar são muito importantes, portanto decidimos fechar.
Antes do fecho tomaram algumas medidas preventivas? Usaram máscara ou luvas?
Máscara não, mas luvas sim. Para além disso, estávamos constantemente a desinfetar as mãos, limpar as mesas, as casas de banho, o balcão e o chão. Colocámos desinfetante nas casas de banho para as pessoas usarem e reforçámos a limpeza das salas e da cozinha.
Sei que tem alguns anos de casa e experiência na área da restauração. Acha que vai ser fácil recuperar os lucros quando tudo voltar ao normal?
Não fácil não vai ser, vamos levar algum tempo até que tudo volte ao normal. Aliás, acredito que nem tão cedo vamos recuperar porque muitas pessoas deixaram de trabalhar devido ao coronavírus e a meu ver muitas vão ter mais cuidado com os gastos e as despesas depois disto. Se calhar, em vez de irem almoçar/jantar fora comem em casa e é mais esse dinheiro que poupam. Vai ser complicado recuperar o dinheiro perdido.
Que conselhos dá às pessoas que estão na mesma situação?
Antes de mais, que mantenham a esperança, que pensem positivo e mantenham a calma. Eu estou a tentar fazer o mesmo. Cuidem-se, a vocês e aos outros, e juntos vamos conseguir ultrapassar mais este obstáculo que se atravessou no nosso caminho.
Comentários
Enviar um comentário