Crónica| Walisson Araújo*
Bruxelas, 30 de março
Há quatro dias eu tinha feito uma decisão que parecia ser uma das mais simples de toda a minha vida: fazer um mochilão. Mesmo com o medo, a insegurança e as incertezas do que poderia acontecer, a vontade de voar e poder vivenciar novas experiências para contar novas histórias era maior do que qualquer incerteza que viesse à cabeça.
Depois de quatro dias viajando, entre avião, autocarros e trens, o único pensamento que vinha até a minha mente é que nada poderia ser maior do que nossas vontades e que ninguém poderia destruir os nossos sonhos a não ser nossas próprias vivências, que nos tornam medrosos, inseguros e sem vontade de sair do conforto para encarar e conhecer o que existe de mais plural: o mundo!
Estava em um autocarro que tinha saído de Paris com destino a Bruxelas, eram tantos caminhos, situações e incertezas de como tudo se sucederia. Apenas um amigo e eu, ambos com 20 anos, fascinados com tudo que estávamos vivendo, inclusive o medo do que nos aguardava nos outros destinos. Chegamos em Bruxelas em uma madrugada fria e nada convidativa, que mais parecia querer nos expulsar. Sem hostel e apenas torcendo para que o sol nascesse para que a claridade penetrasse na nossa vida como significado de paz e liberdade e não de escuridão e frio na pele, que naquele momento nos apresentavam as piores nuances de uma cidade acentuadas pelo medo.
Até aquele momento nossas asas estavam tão desenvolvidas por causa dos vários nãos e barreiras que conseguimos vencer, que nada poderia nos barrar ou dizer não naquele momento. Com o frio, o escuro e todas as positividades sendo podadas naquele momento, decidimos lutar enquanto ainda estávamos abastecidos de garra para continuarmos o nosso caminho e fomos andar pela cidade esperando pelo primeiro raio de sol que nos daria esperança para poder continuar.
No caminho aleatório para algum destino da cidade de Bruxelas, decidimos parar para comprar cigarros e algumas cervejas (até parecia cena de filmes com jovens rebeldes) em um dos únicos bares que se encontrava aberto na cidade. Não havia cigarros, mas a própria mulher do bar me ofereceu um. Conversamos por uma quantidade de tempo e quando olhamos para as ruas através dos vidros já era hora de dizer adeus e agradecer por tudo, pois o sol já estava penetrando com os seus primeiros feixes de luz pelas grandes vidraças do bar. Essas mulheres albanesas salvaram nosso dia e nos fizeram perceber que no mundo ainda existem pessoas que amam o próximo sem olhar quem são esses próximos, apenas ajudam porque querem ver o bem e todos felizes. Não fomos capazes de agradecer da melhor maneira, mas com a fotografia que tiramos juntos e com a narrativa da madrugada dentro de um boteco albanês seremos capazes de sempre lembrar, olhar para o céu e agradecermos onde estivermos.
Depois deste momento, apenas olhamos para o nosso destino e começamos a andar, apreciando de todas as maneiras aquilo que estávamos vivendo. A unicidade do que ocorrera foi tão inimaginável que não somos capazes de dizer como isso foi acontecer. As novas descobertas e novas narrativas para serem contadas acontecem quando nos permitimos, mesmo com o medo ou com a insegurança, sair da nossa zona de conforto e apenas seguir.
Nas ruas de Bruxelas seguíamos por um trajeto que um aplicativo de mapas nos sugeriu e fomos até achar um dos pontos turísticos que é o Atomium, mas a nossa atenção não foi para o comum que todos estão acostumados, mas os nossos olhos ficaram vidrados em um dos melhores nasceres do sol em um parque que parecia o além ou o paraíso. Parecia que estávamos completos: perfeito equilíbrio entre corpo, espírito e natureza.
A música que tocava no meu smartphone falava justamente sobre uma das coisas que nos últimos momentos mais procuro alcançar e viver: felicidade, liberdade e amor ao próximo. Viver aquele momento me fez ver o quanto é bom se submeter a experiências que sempre pareceram coisa de gente louca. Aprender das melhores ou piores maneiras. Com chuva ou sem chuva, com frio ou com calor, seja em qual condição atmosférica for; apenas viver a vida da maneira mais simples que lhe for oferecida. Não precisamos de muito para sermos felizes, apenas precisamos viver e sentirmos que estamos vivos por fazermos o que amamos.
Pela manhã encetei novos momentos e novas alegorias da minha vida. Descobri que quando menos imaginamos tudo passa e não volta a ser como antes. A vida é fluida e passageira, assim como algumas pessoas que nos servem de ponto de apoio para podermos abandonar os medos e criarmos coragem para podermos voar alto penetrando todas as barreiras com coragem e garra para vencer.
Um brinde à vida!
Há quatro dias eu tinha feito uma decisão que parecia ser uma das mais simples de toda a minha vida: fazer um mochilão. Mesmo com o medo, a insegurança e as incertezas do que poderia acontecer, a vontade de voar e poder vivenciar novas experiências para contar novas histórias era maior do que qualquer incerteza que viesse à cabeça.
Depois de quatro dias viajando, entre avião, autocarros e trens, o único pensamento que vinha até a minha mente é que nada poderia ser maior do que nossas vontades e que ninguém poderia destruir os nossos sonhos a não ser nossas próprias vivências, que nos tornam medrosos, inseguros e sem vontade de sair do conforto para encarar e conhecer o que existe de mais plural: o mundo!
Estava em um autocarro que tinha saído de Paris com destino a Bruxelas, eram tantos caminhos, situações e incertezas de como tudo se sucederia. Apenas um amigo e eu, ambos com 20 anos, fascinados com tudo que estávamos vivendo, inclusive o medo do que nos aguardava nos outros destinos. Chegamos em Bruxelas em uma madrugada fria e nada convidativa, que mais parecia querer nos expulsar. Sem hostel e apenas torcendo para que o sol nascesse para que a claridade penetrasse na nossa vida como significado de paz e liberdade e não de escuridão e frio na pele, que naquele momento nos apresentavam as piores nuances de uma cidade acentuadas pelo medo.
Até aquele momento nossas asas estavam tão desenvolvidas por causa dos vários nãos e barreiras que conseguimos vencer, que nada poderia nos barrar ou dizer não naquele momento. Com o frio, o escuro e todas as positividades sendo podadas naquele momento, decidimos lutar enquanto ainda estávamos abastecidos de garra para continuarmos o nosso caminho e fomos andar pela cidade esperando pelo primeiro raio de sol que nos daria esperança para poder continuar.
No caminho aleatório para algum destino da cidade de Bruxelas, decidimos parar para comprar cigarros e algumas cervejas (até parecia cena de filmes com jovens rebeldes) em um dos únicos bares que se encontrava aberto na cidade. Não havia cigarros, mas a própria mulher do bar me ofereceu um. Conversamos por uma quantidade de tempo e quando olhamos para as ruas através dos vidros já era hora de dizer adeus e agradecer por tudo, pois o sol já estava penetrando com os seus primeiros feixes de luz pelas grandes vidraças do bar. Essas mulheres albanesas salvaram nosso dia e nos fizeram perceber que no mundo ainda existem pessoas que amam o próximo sem olhar quem são esses próximos, apenas ajudam porque querem ver o bem e todos felizes. Não fomos capazes de agradecer da melhor maneira, mas com a fotografia que tiramos juntos e com a narrativa da madrugada dentro de um boteco albanês seremos capazes de sempre lembrar, olhar para o céu e agradecermos onde estivermos.
Depois deste momento, apenas olhamos para o nosso destino e começamos a andar, apreciando de todas as maneiras aquilo que estávamos vivendo. A unicidade do que ocorrera foi tão inimaginável que não somos capazes de dizer como isso foi acontecer. As novas descobertas e novas narrativas para serem contadas acontecem quando nos permitimos, mesmo com o medo ou com a insegurança, sair da nossa zona de conforto e apenas seguir.
Nas ruas de Bruxelas seguíamos por um trajeto que um aplicativo de mapas nos sugeriu e fomos até achar um dos pontos turísticos que é o Atomium, mas a nossa atenção não foi para o comum que todos estão acostumados, mas os nossos olhos ficaram vidrados em um dos melhores nasceres do sol em um parque que parecia o além ou o paraíso. Parecia que estávamos completos: perfeito equilíbrio entre corpo, espírito e natureza.
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Imagem obtida de: https://visit.brussels/en/place/Atomium |
A música que tocava no meu smartphone falava justamente sobre uma das coisas que nos últimos momentos mais procuro alcançar e viver: felicidade, liberdade e amor ao próximo. Viver aquele momento me fez ver o quanto é bom se submeter a experiências que sempre pareceram coisa de gente louca. Aprender das melhores ou piores maneiras. Com chuva ou sem chuva, com frio ou com calor, seja em qual condição atmosférica for; apenas viver a vida da maneira mais simples que lhe for oferecida. Não precisamos de muito para sermos felizes, apenas precisamos viver e sentirmos que estamos vivos por fazermos o que amamos.
Pela manhã encetei novos momentos e novas alegorias da minha vida. Descobri que quando menos imaginamos tudo passa e não volta a ser como antes. A vida é fluida e passageira, assim como algumas pessoas que nos servem de ponto de apoio para podermos abandonar os medos e criarmos coragem para podermos voar alto penetrando todas as barreiras com coragem e garra para vencer.
Um brinde à vida!
*Walisson Araújo é aluno em mobilidade em Portugal. Escreve em português do Brasil.
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