Sucesso de papel

Opinião | Rúben Bento

Atualmente transmitida pela Netflix, «La Casa de Papel» não foi só um sucesso em Portugal. Também no Brasil, em França, em Itália, na Argentina, na Turquia e nos Estados Unidos os jovens renderam-se aos encantos da série espanhola. Professor, Tóquio, Berlim, Denver, Rio, Nairóbi, Oslo, Helsínquia e Moscovo são os assaltantes que terão um dos maiores assaltos da história por sua conta: o assalto à Casa da Moeda Espanhola.

Com estreia ocorrida no passado ano em Espanha, a série criada por Álex Pina e transmitida originalmente pela Antena 3 foi comprada este ano pela Netflix a fim de ser transmitida para jovens de todo mundo. Chegou este ano a Portugal e já conquistou a atenção dos portugueses. O Professor e o seu roubo, meticulosamente planeado, à Casa da Moeda Espanhola faz com que os espectadores permaneçam à espera do que vai acontecendo de episódio para episódio. «La Casa de Papel» é muito mais do que um mero assalto. É um enredo com vários protagonistas no qual a história pessoal e as relações pessoais que se estabelecem vai determinar a narrativa. O plano é engenhoso e envolve uma síndrome de Robin Hood, o que auxilia o público a identificar-se com os ladrões.
Imagem retirada de www.netflix.com.
«O erro de todos os planos é achar que tudo vai correr bem». Esta é a premissa da narrativa da série. Um plano onde nem tudo é o que parece. Tóquio (Úrsula Corberó), Rio (Miguel Herrán), Nairobi (Alba Flores), Berlim (Pedro Alonso), Moscovo (Paco Tous), Denver (Jaime Lorente), Helsínquia (Darko Peric) e Oslo (Roberto García Ruiz) são os assaltantes. Um grupo de ladrões, hackers, especialistas em armas e falsificadores, que no passado cometeram algum tipo de crime e que estão a ser procurados pela polícia, é reunido por um homem misterioso, um homem que não possui cadastro e cujo passado ninguém conhece. Chamam-lhe Professor (Álvaro Morte). A sua missão é tornar o sonho do pai, que já morreu, vítima de cancro, uma realidade: invadir a Casa da Moeda, em Espanha, e roubar a maior quantia de dinheiro, que será de 2,4 bilhões de euros, fabricando-a durante 11 dias de assalto.
A narrativa desta famosa série aproxima-se das pessoas pois cada assaltante possui uma história de vida semelhante às histórias vividas pela nossa sociedade. Um caso de violência doméstica, um pai e um filho, uma mulher que perdeu o seu filho por não ter condições para cuidar dele e que o quer recuperar, um rapaz que não é aceite pela família e que foge de casa dos pais, entre outros casos. Nesta série ainda está presente, como assunto de destaque nos 15 episódios presentes na Netflix, o amor. Este é vivido por muitos dos personagens. O amor ganha um papel importante pois é por sua culpa que o plano começa a correr mal. Quando o Professor se apaixona pela Inspetora Murillo (Itziar Ituño), a quem o caso foi entregue, os seus sentimentos vão mudar e algumas partes do plano chegam a correr mal. Também o amor entre Tóquio e Rio e entre Denver e Mónica (uma das reféns) faz com que ocorram separações e percalços na história perfeitamente planeada.


«La Casa de Papel» foi vista por milhares de jovens portugueses. Imagem retirada de https://www.imdb.com/title/tt6468322/.

A série ganha bastante popularidade junto dos jovens devido à sua boa construção na escrita e nos detalhes, pois leva o espectador a optar pelo lado dos ladrões e a apoiá-los em tudo o que fazem, quando deviam optar pelo lado da polícia e da justiça. Também o seu dinamismo e as suas novidades são dois fatores que distinguem esta séries das demais realizadas com premissas semelhantes. «La Casa de Papel» leva os seus seguidores à loucura quando faltam 5 minutos para acabar o último episódio e o assalto ainda não acabou. No final, algumas histórias não ficam bem explicadas o que sugeriu, desde logo, entre os fãs, a existência de premissas para a criação da 3ª parte, um facto que acabou por ser confirmado, a 18 de abril, pela Netflix através da sua página oficial de Facebook.

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