Hostis: Scott Cooper e Christian Bale num western que relembra a história norte-americana

Opinião | Fábio Coelho

Estreou em Portugal, no dia 22 de Março, o filme Hostis, realizado por Scott Cooper, e a narrativa gira em torno de uma realidade passada que parece ter sido apagada da história da humanidade. O elenco conta com Christian Bale, Wes Studi e Rosamund Pike como figuras principais, e ainda com o contributo de atores como Timothée Chalamet, este num papel mais secundário.
Imagem retirada de IMDB: http://www.imdb.com/title/tt5478478/


Ano de 1892, Estados Unidos da América. Ao capitão Joseph Blocker, interpretado por Christian Bale, é confiada a missão de escoltar Yellow Hawk (Wes Studi), um chefe de uma tribo nativo-americana até à sua terra natal, para este lá morrer, uma vez que sofria de uma doença numa fase já terminal. Na fase inicial da viagem, encontram-se com Rosalie (Rosamund Pike), uma jovem caucasiana cuja família tinha sido atacada por uma tribo nativo-americana. Com o desenrolar da história, durante a escolta de Yellow Hawk, o grupo defronta-se com diversas tribos nativo-americanas, e o capitão Joseph Blocker recorre à ajuda da tribo nativo-americana que com ele viajava, criando-se assim um tipo de laço amigável entre ambos. Como já era expectável, Joseph Blocker é apresentado como um capitão que tinha razões para odiar os nativo-americanos, incluindo Yellow Hawk, que teria matado alguns dos seus companheiros.

Desde logo, a presença de Christian Bale no elenco é quase sempre sinónimo de qualidade. Seguidamente, o facto de a narrativa abordar um evento histórico que teve repercussões gigantescas, e que parece não ter acontecido pela escassa frequência com que se toca no assunto, também já é algo que se preze. Finalmente, a brutalidade com que a película é realizada é uma chamada de atenção para que não se esqueça o massacre que efetivamente aconteceu.

O apelo de Scott Cooper é para que a nação norte-americana não esqueça a sua própria história, como de resto se pode comprovar pelo teor dos seus mais recentes filmes, onde são evocados precisamente episódios sangrentos do passado norte-americano. De volta a Hostis, a cena inicial é desde logo marcada pela morte de duas crianças e de um bebé. Ninguém fica indiferente a uma cena daquelas, o que é bom, para que o acontecimento não caia no esquecimento. Só assim a sociedade não esquece a dimensão do massacre. Note-se, o realizador evoca este massacre, mas sem deixar de demonstrar que o povo nativo-americano respondeu ao ataque no qual eram alvos, de forma a manter a imparcialidade e coerência com que aborda o assunto, tal como uma representação fiel e transparente do ocorrido.

No entanto, a obra peca por alguma falta de imprevisibilidade. À medida que o filme se vai aproximando do fim, e que as personagens vão sendo abatidas nas várias frentes das batalhas, começa a ser fácil de antever quais são as que vão sobreviver e como vai ser o desfecho final. Apesar deste aspeto menos bom, continua a ser uma obra que vale a pena ver, e onde podemos não só apreciar mais uma belo trabalho de Christian Bale, cujo papel não me canso de elogiar, como já é habitual, mas também para recordar, ou para ficar a perceber um pouco melhor, a história nativo-americana, num western que acaba por ser bem conseguido e que merece uma nota positiva.


O trailer de Hostiles pode ser visto aqui.

Comentários