Carolina Parrinha: «Um bailarino deve ser trabalhador e curioso»

Em Portugal, são cada vez mais os jovens que ambicionam uma carreira na dança. Carolina Parrinha é uma dançarina algarvia que desde muito nova nutre uma paixão pela dança. A jovem, de 18 anos, partilhou com o Olhares Académicos o seu  percurso nesta forma de expressão tão singular.
Adriana Assunção e Catarina Marques

Olhares Académicos (OA): Com quantos anos é que começou a praticar dança?

Carolina Parrinha (CP): Segundo a minha mãe desde pequena que me abano (risos), no entanto tive a minha primeira aula de dança aos 6 anos, completando o ano na Companhia de Dança do Algarve (CDA), nas aulas de dança clássica da professora Carolina Cantinho. No ano a seguir saí do ballet e comecei a ter aulas de hip-hop com a professora Andreia Silvestre na atual Academia de Dança do Algarve (ADA).

OA: Quando somos crianças os nossos pais têm sempre a ideia de nos inscrever em atividades. No seu caso foi isso que aconteceu ou foi por iniciativa própria?

CP: Quando eu tinha três ou quatro anos, a minha irmã, que na altura fazia danças de salão, levava-me para as aulas dela visto que a minha mãe não me podia ir buscar à escola. Como eu gostava muito de dançar, a minha mãe inscreveu-me mais tarde num workshop de verão da CDA e o professor quis que eu ficasse no inverno seguinte. Não sei se consegui responder à questão, foi por parte de incentivo familiar e de tutores exteriores, mas foi a minha mãe que decidiu inscrever-me.

OA: No decorrer do seu percurso pela dança já passou por vários grupos, incluindo grupos de competição. Competir é uma coisa que lhe agrada?

CP: Sim, acho que é algo que faz parte de nós mesmos em qualquer que seja a atividade e o contexto, desde que seja saudável.

OA: Já teve a oportunidade de obter boas classificações nas competições?

CP: Para mim, mais importante que os prémios físicos é o que conquistamos a nível pessoal e dentro do grupo. As nossas classificações já variaram desde 2.º lugar no Hip-Hop Norte no Porto em 2012, 3.º lugar no campeonato de All Styles da II convenção Urban Xpression em Faro, 4.º e 5.º lugares nos campeonatos da convenção internacional Hip-Hop Dance Algarve de 2014 e 2017. Também já passámos por alguns lugares mais baixos nas últimas classificações e este ano temos vindo a melhorar e a conseguir melhores classificações.
Convenção Urban Xpression 2016 – Rafael Diogo


OA: Com 18 anos já é instrutora de dança. O que é que isso significa para si?

CP: Sou instrutora do grupo de competição Júnior há 2 anos, ajudo-o há 3. Sou ainda ajudante nos grupos de Faro há 2 ou 3 anos. Ser instrutora é ter a oportunidade de partilhar o bocadinho que sei, assim como poder participar no crescimento dos alunos, e isso significa imenso para mim. Significa que tenho apoio, que apostam e que acreditam em mim e no que tenho para oferecer. Significa também que tenho responsabilidade e, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de poder fazer parte da vida dos alunos e de os ajudar no seu crescimento de um modo que espero que seja positivo. Dá-me uma alegria gigante vê-los diariamente nos bons e nos maus momentos. E significa também que posso partilhar com eles a coisa que mais gosto de fazer que é dançar.

OA: Quais as características que acha fundamentais num bailarino?

CP: Um bailarino deve ser trabalhador e curioso. Trabalhador porque não se vai a lado nenhum sem trabalho, e o mesmo vence o talento por várias vezes. Curioso porque para evoluirmos como bailarinos temos que querer, procurar informação, pesquisar para melhorar e ser curioso para descobrirmos coisas novas todos os dias.

OA: Ambiciona fazer da dança a sua atividade profissional?

CP: É um dos meus sonhos, no entanto vou estudar algo fora da dança para poder ter sempre algo mais concreto para agarrar.

OA: Se ingressar pelo mundo da dança pretende fazê-lo dentro ou fora de Portugal?

CP: Se tiver a oportunidade de fazê-lo fora gostaria de aproveitar mas regressar sempre a Portugal para ajudar na sua evolução.

OA: Acha que a dança está suficientemente desenvolvida em Portugal?

CP: A evolução é contínua, tanto cá como lá fora, mas ainda falta desenvolver mais principalmente a mentalidade das pessoas relativamente à dança, que ainda estão muito fechadas.

OA: E para finalizarmos, o que é que a dança representa para si e o que é que ela trouxe de novo à sua vida?
Grupo de Competição Urban Xpression – Mário Tenório

CP: A dança representa todas as minhas ambições, todo o meu trabalho, todas as minhas vitórias, é um mundo à parte, o meu refúgio, é a minha salvação. É um lugar onde me sinto bem e melhor, e onde não preciso de falar para me expressar e realizar. A dança trouxe-me conforto em alturas mais complicadas e melhorou a minha capacidade de me expressar e aliviar.

Comentários