O Sporting Clube Farense está próximo de garantir o regresso à Segunda Liga de Futebol e o Olhares Académicos foi até ao Estádio S. Luís para conversar com o treinador da equipa principal, Lázaro Oliveira. O treinador angolano falou de como tem sido a sua experiência e não esconde a ambição em subir e, quem sabe, um dia mais tarde, regressar à Primeira Liga.
Rafael Duarte
Olhares Académicos (OA): Depois de ter terminado em 1.º lugar na Série H do Campeonato de Portugal, acredita que o Farense é favorito a subir de divisão e a regressar à Segunda Liga?
Lázaro Oliveira (LO): Não direi que será favorito, penso que será uma das equipas a ter em conta nesta tentativa de subida de divisão. São os dois primeiros classificados de cada série que sobem, são equipas extremamente fortes. Nós já disputámos dois jogos contra boas equipas e há com certeza outros pretendentes ao trono. O Farense encontra-se naquelas equipas que também têm como compromisso e como ambição lutar pelo lugar cimeiro e é isso que vamos fazer até final da época.
OA: Caso a subida se confirme, a equipa de que dispõe no momento é suficiente para garantir a manutenção na Segunda Liga?
LO: Uma coisa de cada vez. Penso que estamos a falar no primeiro objetivo do clube que é subir de divisão. Estes jogadores dão-me garantias. Apesar de um começo extremamente difícil, penso que vamos cimentando a nossa posição, terminámos, como disse, em 1º lugar na nossa série e temos ambições para subir de divisão. Agora, quanto à nova época e depois se conseguirmos os objetivos, claro que há que repensar muitas coisas, mas como disse ainda é muito cedo para falar nisso.
OA: Nas camadas jovens de futebol do Farense, encontra-se potencial para ajudar ao crescimento do clube a nível desportivo?
LO: O Farense tem tido a nível de futebol formação excelentes resultados nos últimos tempos. Para lhe dar exemplo, nós temos um elemento que é o júnior Fábio Santos que tem treinado com regularidade connosco, faz parte do plantel desde o início e quando não pode jogar connosco joga pelos juniores. Temos também jogadores que vieram da formação, por isso é sinal que se trabalha bem na formação e que há jovens com certeza aqui no Algarve com muito valor, e cabe-nos a nós e ao clube, ao treinador e à equipa potenciar esses jogadores, que é aquilo que tem sido conseguido.
OA: Já no plantel sénior, teremos um Cristiano Ronaldo algarvio que poderá trazer uma grande transferência financeira ao Farense?
LO: (risos) Penso que sobretudo é importante dotarmos o clube de condições que permitam que depois estes jovens, que sobem da formação, tenham condições para se afirmar e se manter no plantel principal. Isso aí é que eu penso que seja o grande objetivo do clube, mais do que pensar depois no futuro, numa possível transferência de um jogador que possa atingir um outro nível, chegar a uma seleção. Há que sobretudo criar bases, penso que isso é que é importante para o clube, não só neste momento mas no futuro para realmente o Farense ser a grande referência do futebol Algarvio.
OA: Deseja um dia voltar a treinar uma equipa da Primeira Liga?
LO: Com certeza, penso que isso é o meu grande objetivo, comecei a minha carreira inicialmente na Primeira Liga ao serviço do Estrela da Amadora em condições muito difíceis, em que não havia dinheiro para pagar os ordenados. Estivemos 7 meses sem receber ordenados mas conseguimos os objetivos que foram permanecer na Primeira Divisão. Depois não houve continuidade e o clube acabou por descer de divisão dos campeonatos profissionais e eu segui a minha vida e, com certeza, como jovem e ambicioso que sou, ambiciono um dia regressar novamente à Primeira Liga.
OA: Qual foi para si até ao momento, enquanto treinador, o maior desafio?
LO: Eu tenho tido sobretudo desafios extremamente difíceis e extremamente aliciantes porque, como digo, pelos clubes que tenho passado normalmente, sempre que início as épocas acabo por deixar as minhas equipas bem classificadas, mas é sobretudo difícil quando nós abraçamos um projeto a meio da época em que temos algumas dificuldades em mudar muitas das coisas que já estavam em andamento. E, como digo, quando assim acontece torna-se tudo mais complicado, mas sobretudo mesmo este projeto do Farense que, sendo um projeto aliciante, foi um projeto muito difícil no início das coisas arrancarem. O Farense iniciou a época muito mais tarde que os outros clubes, sensivelmente 2 a 3 semanas mais tarde, e quando iniciámos a época também praticamente não tínhamos jogadores. O clube não sabia ainda na altura se iria ficar nesta divisão ou na Segunda Liga, em virtude de uma queixa apresentada pelo Farense, em virtude de uma viciação de resultados do ano passado. O tempo foi passando e a época tardou em arrancar, por isso, foi extremamente complicado no início desta época. Mas sobretudo com o espírito que este grupo tem e com a capacidade de trabalho de toda agente foi possível nós realmente colocarmos as coisas no seu devido lugar e neste momento as coisas estão em andamento e esperemos que realmente terminem da melhor forma.
OA: Depois de ter treinado equipas como as do Estrela da Amadora, Penafiel, Portimonense, Atlético e agora Farense, qual foi para si a equipa que mais o marcou?
LO: É evidente que a equipa que me pode ter marcado mais foi o Estrela da Amadora, até porque, devido ao meu passado, estive no clube 10 a 12 anos como atleta e depois segui também a minha carreira como também treinador adjunto durante uns poucos anos e é natural que me tenha marcado mais no início o Estrela. Foi pena realmente tudo aquilo que aconteceu ao clube mas é consequência de más decisões que acontecem e que sobretudo podem acontecer a muitos clubes. O Estrela não foi o primeiro clube a acabar, houve outros clubes que também tiveram muitas dificuldades financeiras e acredito que no futuro muitos outros clubes terão dificuldades em prosseguir.
OA: Do tempo que tem passado em Faro o que é que tem gostado mais na cidade e também no Algarve?
LO: O Algarve já conheço, eu estive dois anos e meio em Portimão, no Portimonense, conheço bem a maneira de estar do povo algarvio e, sobretudo, o que me tem marcado é o facto de ser uma cidade diferente de Portimão. Portimão é uma cidade de férias, com poucos residentes, aqui é uma cidade que não pára durante o inverno, uma cidade com muita vida e é uma bonita cidade. Em relação ao futebol, claramente uns adeptos fantásticos, numa cidade que tarda em, sobretudo, estar a apoiar o clube. Acredito que no passado o Farense tenha sido um grande clube, lembro-me perfeitamente nos tempos passados em que defrontei ainda o Farense na Primeira Liga. Esse tempo passou, portanto as pessoas terão que se adaptar à nova realidade e contamos sobretudo com o apoio de todas as pessoas. Nota-se que há um gosto e um sentimento muito grande e de pertença das pessoas em relação ao Farense, por isso, esperamos realmente que também nós possamos contribuir para isso, conseguindo o objetivo da subida de divisão e para que o Farense se possa tornar novamente um grande emblema.
OA: O topo da montanha no futebol profissional é a Primeira Liga e, para terminar, pergunto-lhe se o sonho do Farense de regressar à Primeira Liga pode-se tornar real?
LO: Pode porque, como digo, o Farense é um grande clube, é um histórico do futebol do Algarve, do futebol português, mas como disse é necessário criar bases e criar ambições. O Farense passou por situações muito complicadas no passado recente. Ainda o ano passado o Farense acabou por descer de divisão, houve mudança de direção. Esta nova direção, liderada pelo presidente [João Rodrigues], tem procurado aos poucos dotar o clube de condições a nível financeiro, a nível de condições de trabalho, o facto de necessitarmos, com certeza, de melhores condições a nível de campo, ou seja, necessitarmos de outro campo de treino, mas isso irá ter consequência caso realmente o clube atinja o seu objetivo da subida de divisão. Penso que mais apoios irão surgir e as pessoas também estarão mais envolvidas no projeto do clube. Penso que isso é importante, contamos sobretudo com o apoio de todos, mas sobretudo há uma nova liderança de uma pessoa de Faro e que vive o clube como ninguém e que realmente espera que brevemente consiga colocar o Farense no seu devido lugar, com todo o respeito por todos na Primeira Liga. Mas, como digo, isso são situações para falar mais para a frente. Penso que também é extremamente importante nós adaptarmo-nos àquilo que temos e o Farense neste momento tem de se adaptar à realidade, esperando sempre evoluir e conseguir no futuro chegar realmente a esse patamar de excelência que é a Primeira Liga, que é o desejo de quase todos os clubes e no fundo é para
isso que quase todos trabalham. Todos os clubes querem chegar à Primeira Liga porque têm outras vantagens, não só financeiras.
Rafael Duarte
Olhares Académicos (OA): Depois de ter terminado em 1.º lugar na Série H do Campeonato de Portugal, acredita que o Farense é favorito a subir de divisão e a regressar à Segunda Liga?

OA: Caso a subida se confirme, a equipa de que dispõe no momento é suficiente para garantir a manutenção na Segunda Liga?
LO: Uma coisa de cada vez. Penso que estamos a falar no primeiro objetivo do clube que é subir de divisão. Estes jogadores dão-me garantias. Apesar de um começo extremamente difícil, penso que vamos cimentando a nossa posição, terminámos, como disse, em 1º lugar na nossa série e temos ambições para subir de divisão. Agora, quanto à nova época e depois se conseguirmos os objetivos, claro que há que repensar muitas coisas, mas como disse ainda é muito cedo para falar nisso.
OA: Nas camadas jovens de futebol do Farense, encontra-se potencial para ajudar ao crescimento do clube a nível desportivo?
LO: O Farense tem tido a nível de futebol formação excelentes resultados nos últimos tempos. Para lhe dar exemplo, nós temos um elemento que é o júnior Fábio Santos que tem treinado com regularidade connosco, faz parte do plantel desde o início e quando não pode jogar connosco joga pelos juniores. Temos também jogadores que vieram da formação, por isso é sinal que se trabalha bem na formação e que há jovens com certeza aqui no Algarve com muito valor, e cabe-nos a nós e ao clube, ao treinador e à equipa potenciar esses jogadores, que é aquilo que tem sido conseguido.
OA: Já no plantel sénior, teremos um Cristiano Ronaldo algarvio que poderá trazer uma grande transferência financeira ao Farense?
LO: (risos) Penso que sobretudo é importante dotarmos o clube de condições que permitam que depois estes jovens, que sobem da formação, tenham condições para se afirmar e se manter no plantel principal. Isso aí é que eu penso que seja o grande objetivo do clube, mais do que pensar depois no futuro, numa possível transferência de um jogador que possa atingir um outro nível, chegar a uma seleção. Há que sobretudo criar bases, penso que isso é que é importante para o clube, não só neste momento mas no futuro para realmente o Farense ser a grande referência do futebol Algarvio.
OA: Deseja um dia voltar a treinar uma equipa da Primeira Liga?
LO: Com certeza, penso que isso é o meu grande objetivo, comecei a minha carreira inicialmente na Primeira Liga ao serviço do Estrela da Amadora em condições muito difíceis, em que não havia dinheiro para pagar os ordenados. Estivemos 7 meses sem receber ordenados mas conseguimos os objetivos que foram permanecer na Primeira Divisão. Depois não houve continuidade e o clube acabou por descer de divisão dos campeonatos profissionais e eu segui a minha vida e, com certeza, como jovem e ambicioso que sou, ambiciono um dia regressar novamente à Primeira Liga.
OA: Qual foi para si até ao momento, enquanto treinador, o maior desafio?
LO: Eu tenho tido sobretudo desafios extremamente difíceis e extremamente aliciantes porque, como digo, pelos clubes que tenho passado normalmente, sempre que início as épocas acabo por deixar as minhas equipas bem classificadas, mas é sobretudo difícil quando nós abraçamos um projeto a meio da época em que temos algumas dificuldades em mudar muitas das coisas que já estavam em andamento. E, como digo, quando assim acontece torna-se tudo mais complicado, mas sobretudo mesmo este projeto do Farense que, sendo um projeto aliciante, foi um projeto muito difícil no início das coisas arrancarem. O Farense iniciou a época muito mais tarde que os outros clubes, sensivelmente 2 a 3 semanas mais tarde, e quando iniciámos a época também praticamente não tínhamos jogadores. O clube não sabia ainda na altura se iria ficar nesta divisão ou na Segunda Liga, em virtude de uma queixa apresentada pelo Farense, em virtude de uma viciação de resultados do ano passado. O tempo foi passando e a época tardou em arrancar, por isso, foi extremamente complicado no início desta época. Mas sobretudo com o espírito que este grupo tem e com a capacidade de trabalho de toda agente foi possível nós realmente colocarmos as coisas no seu devido lugar e neste momento as coisas estão em andamento e esperemos que realmente terminem da melhor forma.
OA: Depois de ter treinado equipas como as do Estrela da Amadora, Penafiel, Portimonense, Atlético e agora Farense, qual foi para si a equipa que mais o marcou?
LO: É evidente que a equipa que me pode ter marcado mais foi o Estrela da Amadora, até porque, devido ao meu passado, estive no clube 10 a 12 anos como atleta e depois segui também a minha carreira como também treinador adjunto durante uns poucos anos e é natural que me tenha marcado mais no início o Estrela. Foi pena realmente tudo aquilo que aconteceu ao clube mas é consequência de más decisões que acontecem e que sobretudo podem acontecer a muitos clubes. O Estrela não foi o primeiro clube a acabar, houve outros clubes que também tiveram muitas dificuldades financeiras e acredito que no futuro muitos outros clubes terão dificuldades em prosseguir.
OA: Do tempo que tem passado em Faro o que é que tem gostado mais na cidade e também no Algarve?
LO: O Algarve já conheço, eu estive dois anos e meio em Portimão, no Portimonense, conheço bem a maneira de estar do povo algarvio e, sobretudo, o que me tem marcado é o facto de ser uma cidade diferente de Portimão. Portimão é uma cidade de férias, com poucos residentes, aqui é uma cidade que não pára durante o inverno, uma cidade com muita vida e é uma bonita cidade. Em relação ao futebol, claramente uns adeptos fantásticos, numa cidade que tarda em, sobretudo, estar a apoiar o clube. Acredito que no passado o Farense tenha sido um grande clube, lembro-me perfeitamente nos tempos passados em que defrontei ainda o Farense na Primeira Liga. Esse tempo passou, portanto as pessoas terão que se adaptar à nova realidade e contamos sobretudo com o apoio de todas as pessoas. Nota-se que há um gosto e um sentimento muito grande e de pertença das pessoas em relação ao Farense, por isso, esperamos realmente que também nós possamos contribuir para isso, conseguindo o objetivo da subida de divisão e para que o Farense se possa tornar novamente um grande emblema.
OA: O topo da montanha no futebol profissional é a Primeira Liga e, para terminar, pergunto-lhe se o sonho do Farense de regressar à Primeira Liga pode-se tornar real?
LO: Pode porque, como digo, o Farense é um grande clube, é um histórico do futebol do Algarve, do futebol português, mas como disse é necessário criar bases e criar ambições. O Farense passou por situações muito complicadas no passado recente. Ainda o ano passado o Farense acabou por descer de divisão, houve mudança de direção. Esta nova direção, liderada pelo presidente [João Rodrigues], tem procurado aos poucos dotar o clube de condições a nível financeiro, a nível de condições de trabalho, o facto de necessitarmos, com certeza, de melhores condições a nível de campo, ou seja, necessitarmos de outro campo de treino, mas isso irá ter consequência caso realmente o clube atinja o seu objetivo da subida de divisão. Penso que mais apoios irão surgir e as pessoas também estarão mais envolvidas no projeto do clube. Penso que isso é importante, contamos sobretudo com o apoio de todos, mas sobretudo há uma nova liderança de uma pessoa de Faro e que vive o clube como ninguém e que realmente espera que brevemente consiga colocar o Farense no seu devido lugar, com todo o respeito por todos na Primeira Liga. Mas, como digo, isso são situações para falar mais para a frente. Penso que também é extremamente importante nós adaptarmo-nos àquilo que temos e o Farense neste momento tem de se adaptar à realidade, esperando sempre evoluir e conseguir no futuro chegar realmente a esse patamar de excelência que é a Primeira Liga, que é o desejo de quase todos os clubes e no fundo é para
isso que quase todos trabalham. Todos os clubes querem chegar à Primeira Liga porque têm outras vantagens, não só financeiras.
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