Sara Viegas e Bárbara Cadete
Centro da atividade noturna na cidade de Faro, a Rua do Prior, mais conhecida como Rua do Crime, caracteriza-se pela azáfama, agitação e ruído desestabilizadores da harmonia e entendimento com os residentes. Para alguns, é o lugar predileto de diversão, para outros uma enorme dor de cabeça. São notórias as diferenças entre o período diurno e noturno.
A harmonia durante o dia
Durante o dia, a calma e o sossego dominam a Rua do Prior. Ocasionalmente, surgem alguns turistas que procuram conhecer os recantos da cidade. Os moradores saem à rua para conversarem com os vizinhos e tratarem dos seus afazeres. Os bares e discotecas põem em ordem os seus estabelecimentos e preparam-se para mais uma noite movimentada, recebendo, de tempo a tempo, camiões de descargas.
É uma rua estreita, com pouca luz solar, em que prevalecem as casas antigas, muitas degradadas. Uma rua sombria, melancólica e solitária. As paredes das casas já danificadas estão repletas de grafítis e marcas deixadas pelas noites de diversão. Esta é a primeira vez que Madibelle e Frank, turistas franceses, passeiam nesta rua. Observadores e curiosos, contemplam a arquitetura das casas e o efeito que a rua lhes transmite. Consideram-na “encantadora e natural para uma pequena cidade”, e nem mesmo a calçada desnivelada incomoda o casal, cativado pelos pormenores do centro histórico da cidade: “adoramos o pavimento e não vemos qualquer tipo de problema, é histórico”.
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Fotografia: Patrícia Ponte |
A harmonia durante o dia
Durante o dia, a calma e o sossego dominam a Rua do Prior. Ocasionalmente, surgem alguns turistas que procuram conhecer os recantos da cidade. Os moradores saem à rua para conversarem com os vizinhos e tratarem dos seus afazeres. Os bares e discotecas põem em ordem os seus estabelecimentos e preparam-se para mais uma noite movimentada, recebendo, de tempo a tempo, camiões de descargas.
É uma rua estreita, com pouca luz solar, em que prevalecem as casas antigas, muitas degradadas. Uma rua sombria, melancólica e solitária. As paredes das casas já danificadas estão repletas de grafítis e marcas deixadas pelas noites de diversão. Esta é a primeira vez que Madibelle e Frank, turistas franceses, passeiam nesta rua. Observadores e curiosos, contemplam a arquitetura das casas e o efeito que a rua lhes transmite. Consideram-na “encantadora e natural para uma pequena cidade”, e nem mesmo a calçada desnivelada incomoda o casal, cativado pelos pormenores do centro histórico da cidade: “adoramos o pavimento e não vemos qualquer tipo de problema, é histórico”.
Peter, natural da Alemanha e residente em Faro há cerca de um ano, confessa que, no dia a dia, é “complicado andar ou passear [por ali] por causa do pavimento”, bem menos plano “em comparação à Alemanha”. Ainda assim, Hélder Robalo e Pedro Nunes, estudantes da Universidade do Algarve, fazem notar que se trata de “uma rua com tradição, em que o património não pode ser muito alterado”. O odor é também uma característica patente desta rua. Anos de diversão noturna foram deixando os seus vestígios. Urina, vómito e álcool são alguns dos cheiros que assinalam o fim das tantas noites agitadas nesta rua.
Quando a Rua do Prior se transforma na Rua do Crime
À noite, a rua sofre uma mudança radical e quase fica irreconhecível. Multidões de jovens e estudantes preenchem o espaço e são várias as filas para entrar nos tantos bares, clubes e discotecas que, entretanto, abriram as portas. A música e o ruído atraem os noctívagos e prolongam-se até ao amanhecer. As garrafas no chão, entre outros vestígios de quem bebeu mais do que devia, compõem o cenário de uma noite longa de diversão e convívio.
A Rua do Prior, ou Rua do Crime, é ainda conhecida por ser a rua dos estudantes, muito por conta das noites de quinta-feira, altura em que Hélder e Pedro a costumam frequentar com os seus amigos. Apesar da sua famosa designação, os estudantes não acreditam que seja uma rua problemática, apesar de considerarem que “nas noites académicas, é uma rua um pouco mais calma, em que o estudante está muito presente, ao contrário das sextas-feiras e sábados, que são noites menos universitárias, não existe tanta solidariedade entre o pessoal”.
Superar o desacordo
A incompatibilidade com os moradores, idosos, na sua maior parte, é grande e as reclamações sobre o barulho e o vandalismo são constantes. Revoltada com alguns comportamentos, Matilde Santos, moradora na rua desde 1971, explica que “ninguém consegue dormir, existem por vezes discussões que acabam por provocar confrontos”, sobressaltando a maior parte dos residentes.
Para atenuar estas divergências, e promover a coexistência entre noitadas e moradores, a Associação dos Empresários de Animação Noturna de Faro (AN Faro), criada em 1994, conta com a participação de vários bares, como o Património, o Varandas, o First Floor e o Twice. Gabriel Ventura, presidente desta associação e dono do CheSsenta Bar, compreende as críticas e a revolta sentida por parte dos moradores, e afirma que o que mais prejudica a imagem da noite são “as situações de violência”. Esta associação chegou a organizar uma campanha de sensibilização contra o ruído e a violência que ocorreu junto ao Arco da Vila, onde “tirámos fotografias e tínhamos inclusive publicidade e outdoors”. A campanha tinha como lema “noite sim, barulho não, violência zero!”, explicita-nos Gabriel, e procurava manifestar a atitude da associação perante a noite.
Para ocupantes e residentes, o maior desafio é tornar a Rua do Crime numa Rua da Conciliação. Em nome da preservação e revalorização deste elemento do património cultural e histórico da capital algarvia.
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Estão por comprovar as teses sobre o que pode ter levado à atribuição da designação de Rua do Crime à Rua do Prior. Uma das hipóteses data de 1986, quando o jornal O Crime fez uma reportagem sobre o alegado consumo de drogas naquela rua de Faro. Outra versão afirma que nessa altura foi esfaqueado um jovem na Rua do Prior.
Quando a Rua do Prior se transforma na Rua do Crime
À noite, a rua sofre uma mudança radical e quase fica irreconhecível. Multidões de jovens e estudantes preenchem o espaço e são várias as filas para entrar nos tantos bares, clubes e discotecas que, entretanto, abriram as portas. A música e o ruído atraem os noctívagos e prolongam-se até ao amanhecer. As garrafas no chão, entre outros vestígios de quem bebeu mais do que devia, compõem o cenário de uma noite longa de diversão e convívio.
A Rua do Prior, ou Rua do Crime, é ainda conhecida por ser a rua dos estudantes, muito por conta das noites de quinta-feira, altura em que Hélder e Pedro a costumam frequentar com os seus amigos. Apesar da sua famosa designação, os estudantes não acreditam que seja uma rua problemática, apesar de considerarem que “nas noites académicas, é uma rua um pouco mais calma, em que o estudante está muito presente, ao contrário das sextas-feiras e sábados, que são noites menos universitárias, não existe tanta solidariedade entre o pessoal”.
Superar o desacordo
A incompatibilidade com os moradores, idosos, na sua maior parte, é grande e as reclamações sobre o barulho e o vandalismo são constantes. Revoltada com alguns comportamentos, Matilde Santos, moradora na rua desde 1971, explica que “ninguém consegue dormir, existem por vezes discussões que acabam por provocar confrontos”, sobressaltando a maior parte dos residentes.
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Fonte:
farobynight.blogspot.com
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Para atenuar estas divergências, e promover a coexistência entre noitadas e moradores, a Associação dos Empresários de Animação Noturna de Faro (AN Faro), criada em 1994, conta com a participação de vários bares, como o Património, o Varandas, o First Floor e o Twice. Gabriel Ventura, presidente desta associação e dono do CheSsenta Bar, compreende as críticas e a revolta sentida por parte dos moradores, e afirma que o que mais prejudica a imagem da noite são “as situações de violência”. Esta associação chegou a organizar uma campanha de sensibilização contra o ruído e a violência que ocorreu junto ao Arco da Vila, onde “tirámos fotografias e tínhamos inclusive publicidade e outdoors”. A campanha tinha como lema “noite sim, barulho não, violência zero!”, explicita-nos Gabriel, e procurava manifestar a atitude da associação perante a noite.
Para ocupantes e residentes, o maior desafio é tornar a Rua do Crime numa Rua da Conciliação. Em nome da preservação e revalorização deste elemento do património cultural e histórico da capital algarvia.
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Estão por comprovar as teses sobre o que pode ter levado à atribuição da designação de Rua do Crime à Rua do Prior. Uma das hipóteses data de 1986, quando o jornal O Crime fez uma reportagem sobre o alegado consumo de drogas naquela rua de Faro. Outra versão afirma que nessa altura foi esfaqueado um jovem na Rua do Prior.
Correia, R. (2003). O Crime. Publicação de Assuntos Criminais. Disponível em: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/OCrime.pdf
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Reportagem realizada também no âmbito da unidade curricular de Métodos de Investigação em Comunicação.
Reportagem realizada também no âmbito da unidade curricular de Métodos de Investigação em Comunicação.
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