Universidade do Algarve promove almoço solidário

Carolina Araújo e Lígia Oliveira com Bárbara Cadete e Sara Viegas

A campanha Almoço Solidário, promovida pela Universidade do Algarve, procura arrecadar fundos para a construção de uma pré-escola na comunidade de Malambyana, na Zâmbia, em África. Além de alunos e funcionários da instituição, o evento contou ainda com o apoio da Organização Internacional de Cooperação e Desenvolvimento.

Quem almoçou no final da semana passada nos Campi da UAlg teve oportunidade de experimentar não apenas o cardápio diário de refeições da universidade mas também uma ementa elaborada por membros da Secção Autónoma Estudantes Africanos da UAlg. Aqueles que escolheram experimentar o cardápio africano tiveram um acréscimo de um euro no valor da sua refeição, dinheiro que será revertido para o projeto Child Aid-Zambia.


Membros da Secção de Estudantes Africanos prepararam as ementas

A ideia faz parte de várias ações sociais realizadas por voluntários da Organização Internacional de Cooperação e Desenvolvimento (CIED), que têm como principal objetivo garantir o desenvolvimento de crianças na Índia e em África. A inciativa chegou à UAlg em Outubro do ano passado. “No começo pensámos em pedir uma contribuição de 8 euros aos alunos e funcionários da instituição. Porém, percebemos que seria melhor fazer um evento para angariar fundos. E foi assim que surgiu o Almoço Solidário”, conta Patrícia Gomes, educadora e uma das idealizadoras da campanha.

A primeira edição conseguiu arrecadar 300 euros. Segundo Frans Silva, um dos dinamizadores deste ano, o evento arrecadou, mais de 245€, valor relativo apenas ao Campus de Gambelas, e contou com a participação de 160 pessoas, o que, considera, é um resultado bastante otimista.

Para Patrícia Gomes, trata-se de um grande passo para o desenvolvimento educacional e social. “Em Malambyana existem várias crianças que deixam de ir à escola por ser muito longe de casa, ou até mesmo por falta de segurança. Com o projeto, nós conseguimos construir toda a estrutura que vai dar uma nova oportunidade a 200 alunos zambianos”, aponta a educadora.

Muamba e cachupa foram alguns dos pratos confecionados

Além desta campanha, estão na agenda da Associação de Estudantes Africanos concertos e espetáculos de dança.  Porém, só serão realizados se o dinheiro do Almoço Solidário não for suficiente para cobrir as despesas. “Tudo depende do que conseguirmos aqui, porque o objetivo do almoço é equipar as salas com mesas e cadeiras", meta que a equipa de voluntários está disposta a atingir. "Se conseguirmos obter o orçamento pretendido, podemos dar uma pausa”, revela Frans Silva.

Uma das opções da ementa, acompanhada com salada e uma peça de fruta


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Ex-aluna do curso de Educação Social da Escola Superior de Educação e Comunicação da UAlg, Patrícia Gomes foi quem propôs à instituição juntar-se a este projeto:

“Tudo começou quando me tornei voluntária na organização internacional de cooperação e desenvolvimento em Inglaterra. Nós reconhecemos a necessidade de uma estrutura, uma escola para essas crianças, que são duzentas. Foi aí que eu percebi a necessidade de ajudar estas crianças a ter direito ao ensino básico […] Os fundos estavam a ser insuficientes e então falei com os meus colegas da Secção de Estudantes Africanos da Universidade do Algarve e criou-se então essa ideia, de fazer este almoço solidário para ter resultados mais eficazes e para comprar materiais de construção."
Patrícia Gomes na Zâmbia com criança ao colo. Imagem exposta junto aos Serviços de Ação Social

A confeção do almoço esteve ao encargo dos Estudantes Africanos, que, ajudados por amigos e familiares, tornaram possível a realização de um almoço com uma ementa típica e variada:

“Temos dois pratos principais à disposição; a cachupa, de origem cabo Verdiana, e a muamba, que faz parte da gastronomia de Angola. O objetivo é também, para além da iniciativa solidária, dar a conhecer um pouco da nossa cultura e da nossa gastronomia à Universidade”, explicou Rosa, voluntária na elaboração das refeições. Do lado de quem experimentou as iguarias, Francisco, aluno do segundo ano do curso de Gestão Hoteleira, aprovou a iniciativa, “especialmente porque também nos está a oferecer uma coisa em troca, que é um bocadinho da cultura de outro povo, e isso é bom.”

Graça Rafael, assistente social da Universidade de Algarve e voluntária na iniciativa também apontou a mais valia cultural do almoço solidário:  "achei importante dar o meu contributo e também acho interessante o facto de termos à nossa disposição uma gastronomia com a qual não estamos habituados e podermos provar e conhecer um pouco de outras culturas". Para a funcionária dos Serviços de Ação Social, é “importante que estas iniciativas solidárias se repitam aqui na nossa Universidade e porque não organizar um arraial solidário?”


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