Uma vida de trabalho

Carolina Lagarto, Cristina Barrancos e Solange Antunes

Nélia Barrancos iniciou a sua vida profissional em 1984, aos 12 anos. Hoje, esta lojista e empresária é uma entre tantas mulheres na luta constante por uma vida melhor, economicamente estável e com tempo para a família. 

Quais eram os seus projetos de vida quando começou a trabalhar?
Na altura, apenas conseguir algum dinheiro porque era relativamente nova. Tinha 12 anos. E o meu projeto era ajudar a minha família.

Quais foram as suas experiências profissionais?
No meu primeiro emprego trabalhei como empregada de limpeza durante dois meses no verão. De seguida fui para uma olaria. Aprendi a pintar, aprendi a vidrar… Aí trabalhei um ano e meio. Depois fui trabalhar para um supermercado onde fiquei cinco anos. Aprendi a fazer tudo o que existe para fazer dentro de um supermercado. Passei também por uma loja de tecidos onde vendíamos de tudo um pouco, tecidos, fitas, linhas, louças… Aí trabalhei três anos. Seguidamente fui para uma loja de roupas de criança onde trabalhei durante um ano e meio. Entretanto, já casada, engravidei e quando a minha filha nasceu estive seis meses em casa. Quando regressei fui trabalhar numa sapataria. Como eles não me pagavam muito bem e o dinheiro era necessário mudei-me para uma empresa que tinha uma loja de roupa e um escritório de compra e venda de propriedades agregado. Aí estive a trabalhar três anos e meio. Tínhamos também o projeto da costura junto com a roupa comecei também a fazer alguns trabalhos de costura. Quando a minha filha foi para o jardim-escola, sentimos (eu e o meu marido) a necessidade de ter mais tempo livre para ela. Então nessa altura fui trabalhar para casa com trabalhos de costura. E três meses mais tarde decidimos que seria necessário abrir uma loja, onde estamos a trabalhar há cerca de treze anos.

Que tipo de loja é?

Uma retrosaria com trabalhos de costura. Fazemos todo o tipo de acompanhamento na relação aos materiais que vendemos e aos clientes. Damos sempre apoio até os trabalhos estarem concluídos. Por exemplo, se os clientes compram um projeto em tricot e querem fazer uma camisola nós ajudamos até a camisola estar pronta para vestir.

Como referiu anteriormente, passou por várias locais de trabalho. O que procurava com a mudança desses empregos?
Na mudança nós procuramos sempre ter mais conforto no emprego, mais respeito e mais dinheiro. Toda a gente luta por melhor qualidade de vida. E o que eu procurava era algo que tivesse ou que pudesse juntar o tempo e o dinheiro. Para ter mais dinheiro eu tinha sempre de colocar mais trabalho, tinha sempre de retirar mais tempo da minha filha para poder ter mais dinheiro.

Lançou-se há pouco num novo projecto, tornando-se empresária de uma empresa internacional de venda directa de produtos. Quando é que conheceu este projeto de comercialização?
Este projeto que estamos a desenvolver em paralelo com a retrosaria foi-nos apresentado há muito tempo atrás, em 95. Na altura parecia-nos um projeto fácil de resolver. Não é muito difícil de fazer em part-time e é possível fazer-se mesmo quando a pessoa tem um emprego, uma família e filhos. E é possível conseguir um dinheiro extra que vai dar estabilidade à família. É um projeto que, quando bem trabalhado, pode dar também independência económica, que era justamente o que eu procurava tempo e dinheiro. Durante o tempo em que abrimos a retrosaria estivemos mais focados na criação da loja, no montar a estrutura, mas facilmente nos apercebemos de que o investimento que é necessário para ter uma loja aberta no comércio tradicional é muito grande. Então decidimos jogar mãos ao trabalho e neste momento estamos a desenvolver o projeto de comercialização a 75% do tempo e conseguimos resultados diferentes do que conseguimos no tradicional. Começamos pelo investimento. O investimento inicial é muito pequeno, as pessoas normalmente nem se apercebem de que é um negócio mas todas as referências que nós vendemos são necessárias nas vidas de toda a gente. Se pensarmos bem, toda a gente escova os dentes, toma banho, lava o cabelo, lava a loiça e nós temos todos esses produtos que vão ajudar as pessoas a poupar dinheiro. Podem poupar e podem ganhá-lo também.

Vê o seu futuro e o da sua família refletidos nesta empresa?
Sim. Nós estamos a desenvolver o projeto mesmo com a ideia de ter um futuro melhor e sabemos que a empresa, pelos resultados que já tivemos, está aí para nos apoiar e não é uma empresa que hoje aparece e amanhã já não está.










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