Andreia Cristina é uma ex-aluna da Universidade do Algarve que vive o desalento de quem, em tempos de crise, tem dificuldade em encontrar emprego na sua área. Licenciada em Educação Social, reconhece que lhe tem faltado a coragem para seguir rumo a novas direções. Mesmo assim, a jovem não pretende abdicar dos seus sonhos.
Leonor Fiel| Entrevista
Quais as perspectivas para o futuro enquanto frequentava o ensino superior?
Inicialmente, pretendia trabalhar como educadora de infância, sempre gostei muito de crianças e desde pequena que tenho este sonho. Acho maravilhoso poder cuidar dos mais novos. Nunca me imaginei a exercer funções em outras áreas que não esta.
Mas já esteve envolvida em algum projeto com crianças?
Sim, estagiei na Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL), em Faro, e gostei muito. Até me deram uma boa nota de estágio, gostavam muito de mim porque eu me empenhava muito. Confesso que até me afeiçoei àquelas pessoas. Havia crianças, mas também adultos. No entanto, fiquei desiludida pois não me garantiram o emprego.
Por que motivo não ficou colocada se, como afirma, gostaram tanto de si?
Porque, infelizmente, e apesar de terem gostado do meu trabalho e profissionalismo, não tinham como me colocar pois não havia espaço para mais uma assistente a ser remunerada. A crise que vivemos não ajuda em nada. As instituições sociais têm cada vez menos apoios do Estado e a tendência parece ser piorar.
Vai continuar a lutar por um emprego nesta área ou já pensou em novas soluções? Há pouco disse que nunca se imaginou a exercer outras funções, mas certamente terá que pensar numa alternativa…
Sim, claro que sim. Já entrei há muito na vida adulta, já não vejo o mundo como um conto de fadas. Tenho sonhos, mas sei que neste momento o mais importante é arranjar algo para juntar algum dinheiro e criar alguma independência. Coloquei currículos em vários sítios, desde hipermercados até lojas em centros comerciais, mas ainda não recebi nenhuma proposta, não está nada fácil…
Numa altura em que se fala e vê cada vez mais jovens a emigrar, já sentiu que pode passar por aí uma das soluções?
Leonor Fiel| Entrevista
Quais as perspectivas para o futuro enquanto frequentava o ensino superior?
Inicialmente, pretendia trabalhar como educadora de infância, sempre gostei muito de crianças e desde pequena que tenho este sonho. Acho maravilhoso poder cuidar dos mais novos. Nunca me imaginei a exercer funções em outras áreas que não esta.
Mas já esteve envolvida em algum projeto com crianças?
Sim, estagiei na Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL), em Faro, e gostei muito. Até me deram uma boa nota de estágio, gostavam muito de mim porque eu me empenhava muito. Confesso que até me afeiçoei àquelas pessoas. Havia crianças, mas também adultos. No entanto, fiquei desiludida pois não me garantiram o emprego.
Por que motivo não ficou colocada se, como afirma, gostaram tanto de si?
Porque, infelizmente, e apesar de terem gostado do meu trabalho e profissionalismo, não tinham como me colocar pois não havia espaço para mais uma assistente a ser remunerada. A crise que vivemos não ajuda em nada. As instituições sociais têm cada vez menos apoios do Estado e a tendência parece ser piorar.
Vai continuar a lutar por um emprego nesta área ou já pensou em novas soluções? Há pouco disse que nunca se imaginou a exercer outras funções, mas certamente terá que pensar numa alternativa…
Sim, claro que sim. Já entrei há muito na vida adulta, já não vejo o mundo como um conto de fadas. Tenho sonhos, mas sei que neste momento o mais importante é arranjar algo para juntar algum dinheiro e criar alguma independência. Coloquei currículos em vários sítios, desde hipermercados até lojas em centros comerciais, mas ainda não recebi nenhuma proposta, não está nada fácil…
Numa altura em que se fala e vê cada vez mais jovens a emigrar, já sentiu que pode passar por aí uma das soluções?
Infelizmente sim, cada vez mais sinto que o meu futuro não passa por Portugal. Tenho algumas amigas que já foram para fora, mas eu tento evitar esse cenário, ou pelo menos adiar. Sou uma pessoa muito ligada à minha família, tenho os meus pais, avós, irmã, o meu namorado... Não os quero abandonar. Viver sem as pessoas que amo é perder uma parte de mim.
Mas exclui-a?
Mas exclui-a?
Simplesmente evito-a, mas acho que vou começar a enviar currículos também para o estrangeiro, parada é que não posso ficar, tenho 23 anos e quero muito deixar a casa dos meus pais e construir uma família, ter filhos, casar.
O que sente uma jovem da sua idade numa situação como esta? Ter um curso mas não poder exercer uma profissão na sua área?
É uma revolta muito grande… Vivo na casa dos meus pais, somos quatro e só o meu pai é que está empregado. A minha irmã está agora a frequentar a universidade, a bolsa não é muito elevada, são muitos encargos. Custa-me ser mais uma a dar despesa, eles também têm os sonhos dele, e eu adorava poder ajudá-los e retribuir tudo o que têm feito por mim, não só nestes tempos difíceis, como ao longo de toda a minha vida.
O que sente uma jovem da sua idade numa situação como esta? Ter um curso mas não poder exercer uma profissão na sua área?
É uma revolta muito grande… Vivo na casa dos meus pais, somos quatro e só o meu pai é que está empregado. A minha irmã está agora a frequentar a universidade, a bolsa não é muito elevada, são muitos encargos. Custa-me ser mais uma a dar despesa, eles também têm os sonhos dele, e eu adorava poder ajudá-los e retribuir tudo o que têm feito por mim, não só nestes tempos difíceis, como ao longo de toda a minha vida.
Tem uma irmã a estudar também na universidade… Já lhe deu algum conselho? Ela sente-se motivada, apesar da sua situação?
Ela quer muito tirar uma licenciatura porque, apesar de tudo, é sempre uma mais-valia. No entanto, tem também a noção de que pode não arranjar cá emprego na área dela e já colocou muitas vezes a hipótese de emigrar daqui a uns anos... É bem mais corajosa do que eu.
O que gostaria de dizer aos jovens que ainda estudam em Portugal? Qual a sua opinião acerca da atual situação do país, o que mudaria?
Apenas posso dizer que devem lutar pelos sonhos deles e não desistirem, sejam mais corajosos do que eu e partam à aventura, outro país pode-lhes trazer mais felicidade. Sejam dinâmicos e criativos. Neste momento, Portugal não garante um futuro risonho a ninguém.
Ela quer muito tirar uma licenciatura porque, apesar de tudo, é sempre uma mais-valia. No entanto, tem também a noção de que pode não arranjar cá emprego na área dela e já colocou muitas vezes a hipótese de emigrar daqui a uns anos... É bem mais corajosa do que eu.
O que gostaria de dizer aos jovens que ainda estudam em Portugal? Qual a sua opinião acerca da atual situação do país, o que mudaria?
Apenas posso dizer que devem lutar pelos sonhos deles e não desistirem, sejam mais corajosos do que eu e partam à aventura, outro país pode-lhes trazer mais felicidade. Sejam dinâmicos e criativos. Neste momento, Portugal não garante um futuro risonho a ninguém.
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